3.3.10

do nono andar

noite de chuva,
melancolia que desce ladeira no desaguar.
leva de tudo,
galhos, sujeira, pó e folhas secas.
seu rosto.
o reflexo da lua brilha como um espelho,
de longe, suas homogêneas lágrimas no meio das águas.
degelo.

1.3.10

Belo Horizonte já não me apetece.

Bastei das ladeiras e passos de um povo devagar!
Cansei das ruelas em asteriscos mal projetados, da tentativa de metrópole inacabada e dessa desconfiaça alheia.
Belo Horizonte nunca vai deixar de ser um projeto "do querer sempre mais".
Centros culturais rasgando a praça mais bela e o mineiro batendo palma feito menino da roça que vê um parque de diversão pela primeira vez.
Cidade do preço nunca posto, a mercadoria vale o valor da sua vestimenta, e o conselho é: para fazer compras e sair de bolso cheio, basta uma havaiana no pé que o mineiro terá piedade. A famosa hospitalidade camuflada...
Enjoei do sotaque fanhoarrastado, com palavras engolidas e português amarrado.
Quero uma metrópole de vergonha, uma cidade extremada, que não vista uma capa urbana de caixas de concretos e multidão aglomerada, quero a coisa escancarada, que flua ou pause num fluxo de verdade.
Não quero um lugar em que você é o time que você torce. Eu sou muito mais que caipiras com a bola no pé.
Eu quero muito mais do que esta cidade me oferece!

E dos dedos que preenchem as mãos, apesar de tudo, como toda cidade que cansa, Belo Horizonte tem sua exceção! mas, já deu o pouco que tinha que dar!