Quando esse blog nasceu eu ainda estava na casa dos 20, era universitária, fanzineira, gostava de ler, escrever e beber gim. Aqui havia um template lindo, textos intensos e por hora idiotas, rimas ricas e pobres, uma leva de leitores fiéis e simpáticos, seus comentários assíduos é que deixavam essa bolha cheia. Agora, na casa dos 30, minhas sedes não são de gim, sou mestra, professora, leio teorias e tenho um novo par de olhos. Não crio expectativas quanto ao retorno. Não crie!
29.9.06
o menino de lá escrevia num diário de folhas infinitas.
para um destinatário sem nome.
meu querido diário,
tenho uma dor chamada cisma.
uma dor que é só minha.
tem o olhar disperso e trejeito viril.
às vezes comprime por dentro, num jeitinho agudo que faz lacrimejar os olhos.
mora na rua das utopias. onde ninguém a vê, só eu!
gosta de me causar vibrações, algumas que me derrubam, outras que me ajudam feito sacolejos a merecer.
uma dor que nomeei de cisma, só por ser palavra bonita...
é imperfeita e quase palpável, de textura indizível e cores que nascem do preto.
uma dor que de tão doída, me faz escrever sempre borrado.
textinho escrito pós leitura de Luiz Vilela e seus contos melancólicos... voltei a ler, e consequentemente, ando tentando escrever; até porque, como dizia Carlos Drummond: "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe e manhã. São muitas, eu pouco (...) Palavra, palavra (digo exasperado), se me desafias, aceito o combate".
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