Foi Carnaval...
Já não há mais cheiro de cigarros impregnado nos lençóis de cá. Quase desmarco com a faxineira, que era para o mesmo cheiro ficar e não aumentar a saudade.
Foi um feriado tranquilo, com praia, serra... Um dia ainda compro uma casinha naquela Guaramiranga bonita para apreciar a paisagem bucólica dali; compraria também um laptop e uma poltrona de couro e, então, eu estaria em uma serra dando uma de Virginia Woolf em Monk's House.
Ainda sinto o aroma das flores que essa Fortaleza desconhece; vi gansos atrevidos, sapos comendo mariposas, galinhas, flamboians e um frio que me trazia à boca o gosto do chocolate quente acreano.
Bebemos o melhor vinho do Porto, brindamos, tiramos fotos para congelar o sorriso que era bonito.
Agora tenho uma casa limpa, acendo incensos para se misturar com o cheiro da maresia e dessa coisa urbana onde me escondo.
Livros novos na beira da cama e uma pretensão enorme piscando os olhos.
Aqui tudo funciona em ritmo diferente, que nem sei descrever, mas parece que saí de um casulo, botei as asas pra fora e...
Quando esse blog nasceu eu ainda estava na casa dos 20, era universitária, fanzineira, gostava de ler, escrever e beber gim. Aqui havia um template lindo, textos intensos e por hora idiotas, rimas ricas e pobres, uma leva de leitores fiéis e simpáticos, seus comentários assíduos é que deixavam essa bolha cheia. Agora, na casa dos 30, minhas sedes não são de gim, sou mestra, professora, leio teorias e tenho um novo par de olhos. Não crio expectativas quanto ao retorno. Não crie!
21.2.07
Leva que quero ver meu pai
Caminho bordado à fé, caminho das águas
Me leva que quero ver meu pai.
A barca segue seu rumo lenta,
Como quem já não quer mais chegar,
Como quem se acostumou no canto das águas,
Como quem já não quer mais voltar.
Os olhos da morena bonita,
Aguenta que tô chegando já
Na roda conta com "ocê",
Ouvir a zabumba
Me leva que quero ver meu pai".
[Maria Rita]
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