Quando esse blog nasceu eu ainda estava na casa dos 20, era universitária, fanzineira, gostava de ler, escrever e beber gim. Aqui havia um template lindo, textos intensos e por hora idiotas, rimas ricas e pobres, uma leva de leitores fiéis e simpáticos, seus comentários assíduos é que deixavam essa bolha cheia. Agora, na casa dos 30, minhas sedes não são de gim, sou mestra, professora, leio teorias e tenho um novo par de olhos. Não crio expectativas quanto ao retorno. Não crie!
17.8.07
O silêncio das laranjeiras
A cada encontro que fazíamos, era como se fosse o primeiro; tudo revirava por dentro, o coração palpitava numa taquicardia quase infinita, faltava-me o ar.
Sentia uns embrulhos, como se meus pensamentos morassem no estômago e ali, vivessem numa briga quase constante.
Segurei na mão dela, temendo que percebesse o quão fria estaria a minha.
Caminhamos cabisbaixos, como se catalogássemos os nossos passos.
Um silêncio quase barulhento.
Sentamos debaixo da laranjeira onde tudo começou, onde trocamos os mais bonitos sorrisos; ali tinha uma sombra gostosa, um vento frio fazendo confundir o gelado da minha mão com o gelado de fora... me deixando um pouco mais tranqüilo.
Sentados e ainda de mãos dadas, ficamos remexendo nas folhagens secas, respirávamos o cheiro gostoso da laranjeira; de um jeito tão intenso que dava pra ter certeza que dali só havia de sair sumo doce.
E numa vergonha já um pouco destemida, nos olhamos.
Havia tanta estranheza naquele olhar, diferente do olhar que nos outros encontros serenara tanto amor. Tinham mudado.
E por desvelo, pedi que continuasse em silêncio e que não soltasse a minha mão, até que os rodopios no meu estômago e o meu coração aceitassem que aquela seria a última vez.
dá o play
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