20.8.08

não há lugar para repousos!
se há sol,
desejamos chuva.
se há chuva,
desejamos córrego.
se há córrego,
que leve tudo.
se leva tudo,
no resta os quartos fechados em silêncio.
dos quartos fechados nos resta o pó.
dos pós, à solidão indesejável.
dá o play na seta!

11.8.08



debruçou-se e pensou:
por detrás das janelas, os dias passam e eu nem sei


dá o play na seta!

9.8.08

10 coisas para um dia feliz

1 - mamão com leite em pó
2 - caminhar
3 - uma tarde no salão
4 - SMS's
5 - origamis
6 - fotografar
7 - petit gateau
8 - a música preferida tocando no supermercado
9 - feira de frutas
10 - cafuné


dá o play na seta!

7.8.08

solilóquios na frente do espelho

a blusa amassada de noites de sono, dormia dia após dia, como uma fuga interminável. gostava de se olhar no espelho, se olhava e se olhava, apenas com a penumbra que perpassava pela janela do banheiro.
num gesto quase carente de tudo, alisava o cabelo; os olhos brilhavam perdidos na meia escuridão, refletiam tristeza ou ausência de.
um breu que vinha de dentro, tão dentro e tão fundo como os refúgios internos silenciados, transpareciam algo perdido numa pluralidade quase infinita.
vastidões dilatadas e inatingíveis.
se olhava e se olhava, num gesto que dizia tudo, dia após dia de noites de sono, ela compreendia que, há tanta profundidade num só sentimento.

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6.8.08

trama de velho:

eis que estou em meu quarto as 8 da manhã, acumulando coragem pra poder levantar em um pulo, até que, a vizinha do apartamento debaixo abre a janela para tagarelar com a vizinha do prédio ao lado, e Belo Horizonte tem uma coisa impressionante que é a acústica dos prédios, a gente finge não estar ouvindo, coloca o travesseiro no ouvindo, canta uma música, mas é inevitável não escutar os balbucios e ruídos da vizinhança.
e hoje, pela manhã, as duas falavam de seus reumatismos, escleroses e solipsismos; dorinha o nome da vizinha abaixo, nunca fomos apresentadas, mas ela é bem dizer meu karma belo horizontino, reclama porque caminhamos dentro de casa e não tiramos os sapatos, reclama que arrastamos as cadeiras quando precisamos jantar, "dondorinha" é a típica vizinha velha chata, que reclama de barulho, mas não sabe que é super desagradável escutar as conversas dela cedo da manhã, ainda mais quando o diálogo é mais ou menos assim:
- Oi dona dorinha... a senhora sumiu.
- Pois é, tenho ido muito à fisioterapia.
- A senhora vai hoje? Vem aqui em casa comer um frango com quiabo.
- Vou hoje sim, e só volto mais tarde. É tanta dor que você nem imagina.
- Sei... a sua filha vai levar a senhora?
- Não! Vou de ônibus.
- De ônibus? Mas dona dorinha, a senhora pode acabar caindo dentro do ônibus.
- Eu sei, mas é o jeito não é?
- Sabe o segredo que eu sempre faço?
- Hum...
- Levo uma bengala, rapidinho me dão o lugar!


eu cá pensando: absurdo esse papeado alto cedo da manhã; absurdo a pessoa não saber brigar pelos seus direitos dentro de um ônibus; absurdo a pessoa fingir ter problemas e quando o Sr. lá de cima lhe botar uma doença verossímil, quero ver achar bom andar de bengala.

meu povo, melhore!

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