25.10.08

Esfacelamento
Quando na ausência de um toque, de olho no olho e leveza no meio de tanta tormenta, o que antes havia sido desenhando com lápis aquarelado – porque era sabido que qualquer que fosse a força das tempestades, dali haveria de formar uma imagem bonita, talvez um céu, uma pipa – se perde e se faz necessário o degelo quase que obrigatório de um sonho construído feito mosaico, de uma estória narrada de cor.
Era uma pipa de rabiola bonita e que num corte de cerol bem preparado, se rompe no meio do nada. E até que se chegue ao chão, é bonito de vê-la voar, sozinha, sozinha, numa lentidão só dela.

E em algum lugar, há sempre um menino serelepe, um outro menino serelepe, que avista e sai correndo atrás da pipa, numa disponibilidade ingênua de arriscar-se e remendá-la se for preciso.

Tão logo ela retoma no infinito azulado, dançante ao vento. Às vezes mais firme e mais colorida, ou num desenho aquarelado, porque seja forte ou não as tempestades, há de formar uma outra imagem bonita.


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