29.6.06


"De alguma forma, todos os dias alguém bate à nossa porta e nos convida a desistir. Não desistimos de teima quem sabe até meio burra"
[Nélida Piñon]

É tempo de desconfiar de tudo, das pessoas, dos ventos tortos e até mesmo das sombras; a minha, a da árvore que nasceu num lugar extremamente estranho, as sombras alheias, as que eu já temia e as que nunca temi, até mesmo a sombra do pássaro que voa apressado... Das falácias e de muito mais.
Depois de alguns meses e muitos dias, é hora de voltar a treinar a técnica do silêncio. Tenho tido pesadelos; certa vez vovó me disse que dormir de barriga vazia dá pesadelo, ou seria de barriga cheia?
Não sei... eu já nem lembro mais. Só sei que tenho acordado assustada algumas vezes, sensação de que tem muitas e muitas sombras me perseguindo, no sonho, nas ruas e até mesmo dentro do meu carro. Às vezes o Acre parece tão perto; tão Nordeste, essa metrópole miúda em que não se pode ir a praia molhar os pés porque tem sempre uma espécie de terceiro olho, que não é seu mas que lhe acompanha a cada passo.
E além disso, pior é a minha mais nova fobia... fobia de ler.
Sim sim, dia desses tinha dito aqui mesmo que eu tinha voltado a ler, mas foi só uma fase, que durou um dia se não me engano.
Ontem deitei com Caio - o Fernando Abreu - mas o fato é que temo ler algumas coisas hoje em dia, os tapas na cara que o Caio dá não são cabíveis para a minha situação de agora, nem mesmo Nietzsche, nem mesmo Carrascoza e Adriana Falcão que tanto amo, nada é sádio nesse momento. Porque já não preciso ler pra compreender ainda mais algumas coisas da vida; tá tudo posto, estirado, espatifado, narrado, estraçalhado...
É um cheiro de angústia exalado pelos quatro cantos da casa. Fiz um pacto com Agosto, pretendo que tudo mude, que eu me sinta mais bonita, que eu volte a ler sem medo, que eu vá pra aula com mais ânimo, que eu arrume um emprego pelo menos em uma, das dez escolas que pretendo mandar currículo; que um dia eu ganhe dinheiro pra alugar um casulo menor que caiba somente eu, ou o dobro de mim em pessoa, e um cachorro talvez... porque cachorro faz festa quando você chega em casa, porque dengo de cachorro também é bom. E a única coisa que tenho viva dentro da minha casa além de mim, é um cactos, que não pula, não lambe, mal tem cheiro de terra e ainda por cima, espeta. Mas enquanto nada muda, pretendo comprar um girassol ainda essa semana, porque se movimenta conforme o facho de luz for entrando dentro de casa, porque é bonito...
Combinei comigo de não engolir sorrisos ao saber que metade da população dá conta da minha vida quando na verdade eu acordo pensando só em mim e mais ninguém.
Do lado de fora da janela, para dentro, é um amontoado de coisas só minha e que zelo como se fosse esse amontoado que me sustentasse nos dias, que me desse ânimo pra acordar, pra sair de casa e passear no centro numa segunda-feira qualquer.
Eu faço planos, e os guardo junto com esse amontoado meu, que nem sombra, nem terceiro olho, nem blog, nem ninguém é capaz de arrancar de mim.
A minha vida é esse pedaço de um metro e meio, tão miúdo, mas tão miúdo... que eu peço em nome de todas as crenças do mundo que deixem ela de lado, de banda, abandonada, jogada por aí, por acolá... eu vou agradecer do fundo do meu coração, se deixarem o meu sorriso em paz, a minha rotina, os meus temores.
Cansei desse mundo Pandora, onde tenho a sensação de que eu sou a única caixa em que todo mundo quer abrir.
Minha vida é tão sem graça, tão parada, tão velha por diversas vezes. Não há nada de interessante em mim nem no meu amontoada de coisas, nada! Nada que gere aplausos ou sorrisos alheios, eu continuo acordando pra ler e lendo pra dormir... e é assim que vivo todo dia. E vou agradecer, com aquele meu velho "sorriso cego" que muitos ou poucos conhecem, se esse "mundo Pandora" pegar um rumo bem longe da minha janela, do meu amontoado de coisas e dos meus passos com pés miúdos.

Obligé!

"Porque as cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas" [do Caio]

27.6.06


das palavras cruzadas...

é um sorriso que vai se alargando alargando... como se fosse puxando tudo de dentro com o movimento dos lábios, o levantar da bochecha, o trincar dos dentes ou um sorriso aberto; cada movimento puxa um infinito das coisas de dentro, todas sem nome.
as palavras me são pobres em algumas ocasiões, quero rimas ricas e cheias de cores, cheiros e texturas finas.
quero chuva fazendo música na janela do meu quarto, quando a noite parece sem fim, quero um sol bem amareloalaranjado pra deixar os dias com brilho.
quero continuar tentando encontrar dentro de mim, uma palavra que seja ímpar, que seja singular, e é com um sorriso cada vez mais largo, que tentarei buscar no vazio das coisas ou até mesmo onde é coberto de sentimentos que desconheço, um pedaço de dias felizes...
e de olhos fechados ou não.
eu só quero sorrir!

20.6.06

catalogando um pouco do pouco.


estudar a história da música é um tanto complicado.
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nove de julho, luana made in acre.
e viva o tacacá, vivaaaaaaaaa!!!
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passa...
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eu voltei a ler, eu...
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artigo de no mínimo cinco páginas sobre Guimarães Rosa.
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jogos "fulêros" esses do Brasil.
com acento bem circunflexo.
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seminário sobre conto contemporâneo.
é o quê?
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bammel
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ainda sem muito saco pra escrever.




8.6.06

comunicado importante:

é junho e as coisas se aglomeram numa proporção assustadora.
...
o fato é que vou me ausentar desse blog!
vou me atracar a literatura e filosofia, a hidroginástica porque todo mundo tem que se exercitar, as coisas miúdas que arrancavam um leve sorriso.

aqui vai ficar fechado para balanço, não sei por quanto tempo, mas o suficiente pra eu voltar e escrever coisas bonitas.

enquanto isso, deixo o link da minha produção mais recente:

A PALAVRA DILATANDO HORIZONTES.


fiquemos com deus, com nossa senhora das coisas boas... fiquemos com nossas crenças, seja qual for.

4.6.06

da janela de cá é mais ou menos assim





quem atravessa a rua ao lado, passa por um céu de bandeirinhas verde e amarelo


ps - pra visualizar melhor, basta clicar na foto =]