31.12.08

Quando se está à margem de tantos clichês, é preciso exprimir e pintar de olhos fechados.

Penso branco quase ofuscante.
Separo e escolho as cores, a largura dos traços, as texturas.
E em mim, no mais profundo de mim, desenho imagens nunca vistas;
Tão nítidas, leves e bonitas, posso emoldurá-las
E pendurá-las num canto visível para que todos consigam ver.
Contemplo-as, mesmo sem o seu consentimento.
Esqueço o ontem, penso na margem e na simbiose dos dias.
No entre mim e você.
No intervalo de som que nos liga,
Ecoa dorido.
Penso no vazio do espaço que nos separa,
É frio como a solidão.
Penso na distância do toque, no tempo que é preguiçoso.
Eu mudo a cada ladrilho ficado para trás.
Mais adiante, lá estão os clichês, grandes e de inúmeras cores, rasgantes e de um intenso quase breu,
É todo sincero!
E sinceridade é o traçado das belas imagens.
Ventura indizível, euforia precisa.
Dos ladrilhos que passam, ficam e vem,
Absolutos, reais e concretos,
Construo paredes;
Nelas penduro as imagens que saem de mim ondeando.
Permito-me!
O bom é remoçar no tom das cores e nelas ver-te.


eis que 2009 começa beeem felizinho!
dá o play na seta!

13.12.08

Blog que é blog tem lá um punhadim de exposição não é? Pois vamos lá!
- Belo Horizonte é de um quente de sangrar o nariz. E Belo Horizonte mapeadamente desorganizada continua sendo sim um bom lugar!
- Radiohead no Brasil e eu presenteada! Rio de Xaneiro [só espero que o carnaval não dure o ano inteiro].
- Falemos de televisão: Capitu é de uma belezura de fazer a gente esquecer por uns minutos que estamos assistindo em rede nacional. Bem, a trilha é linda, mas Beirut com Elephant Gun não é para a tal rede nacional, Beirut é pra mandar mp3 pra paquerinhas e apaixonar, é pra ouvir com bons amigos bebendo um óootimo vinho ou para aqueles que sabem apreciar uma boa música. Quanto aos personagens, o único que precisaria de mais expressividade seria Bentinho na sua adolescência, e as intervenções contemporâneas no meio da filmagem são estranhas mas acostumáveis, no mais... Tudo absurdamente lindo!
- Dois mil e nove inicia com um tiro na saudade, resolução de pendêcias e consequentemente, definições. Ótimas [eu espero!]
- Descobri que para perder a alma, basta 6 doses de tequila! E descobri também, que isso não é atitude bonita para pessoas de 27 anos. Adolescência no more!
- Depois de analisarmos os nomes de determinadas operadoras de celular [Oi, Vivo, Claro], eu e Mirella Adriano decidimos que vamos abrir uma operadora chamada: COnTUDO. Hahahahahahaha... mais genial não há!
- É bom, beeeeem bom! Pois, baixem Little Joy! E se confirmado, quem quiser pode vir ao show da banda em BH.
- Recebi e-mails perguntando sobre o texto escrito dia 03/12. Meu povo, minha vida é uma realidade ficcional, quando não, tenho um alterego perturbador, acreditem.
- Ultimamente tenho sentido saudade absurdas dos amigos que mal conquistei.
- Andei mexendo nas novas configurações que a google oferece para modificar o template do gmail. Dentre muitas escolhi o template casa chá, da raposinha. Fiquei apaixonada em acompanhar a vida da raposa, eu abria a caixa de e-mails e já ia correndo pra ver o quê ela estava fazendo [quase um big brother virtual]. Com o passar dos dias decorei todinha a rotina da raposa, que acorda, colhe flores, dá banho nos passarinhos, varre a casa, lancha com o macaco, toca flauta, poda o bonsai, acende as luminárias, pinta, pesca, faz a janta e vai dormir.
Fiquei pensando no quanto a raposa faz coisas saudáveis e felizes, mas numa repetição que cansa até quem vê. Se pudesse eu lhe diria: Ah rapoooosa, a vida precisa de movimentos contrários. E tenho dito!
- O ano termina e começa em dois extremos, Norte e Nordestes. E eu só sei que saudade é como traça em papel.

Meu povo, sem mais bobagens... próxima postagem escreverei diretamente do Acre, com sabor de cupuaçu e cheiro de chuva forte.

Inté!

dá o play na seta!

9.12.08

das atividades no gerúndio:

luana podando o tempo.
podo-o ou poda-me.

dá o play na seta!

6.12.08

lá fora
há uma alma perdida no espaço.
parece cansada, buscando por algo,
ausência de sentidos;
não quer o castigo do corpo.
volta!
a vida é mesmo essa permanência de contrários em movimento.
o tempo é cínico.
e o teu lugar é aqui!
conduza-me.


dá o play na seta!

3.12.08

dos sonos pesados.

Tive um sonho estranho, mais um daqueles sonhos estranhos que deixa a gente pensativa o dia inteiro, que faz a gente sair na rua esquecendo o motivo o qual saiu de casa.
Não era preto e branco como os outros, na verdade haviam cores, não as mais belas e muito menos intensas, mas haviam cores em tudo.
No sonho, Eu era Ela.
E éramos camufladamente iguais.
E sendo Ela, ao acordar, Eu consegui entender e me perder naquilo que é mais humano de todas as coisas, o amor; esse sentimento que se esvai no meio de outros tantos, de egocentrismo, desejos, inveja e todas as pragas soltas por Pandora.
Bendito barco de clichês! Que no melhor do embalo deságua em ondas gigantes.
E por falar em ondas, Eu sempre sonhei com ondas gigantes e tenho pavor delas! Eu, e não Ela.
Ela era uma onda, - não neste sonho, mas numa realidade quase cega - daquelas enormes que sempre rompem o limiar dos sonhos e me levam pro maior dos pesadelos.
Nesses pesadelos Eu sempre me vejo minúscula diantes delas.
Me cobre , me assolam e me levam naquela imensidão temerosa sem controle algum.
Desfaleço nelas.
Meu medo era maior, meu medo sempre foi maior, me corrói, vai corroendo, corroendo, diminuindo cada vez mais e mais e mais, até que.
Acordo!
Sempre angustiada e buscando entender as ondas, o sonho... Nessas horas Eu não queria acreditar tanto em sinais. Busco os sinais e me perco neles, feito formiga perdida no meio de tanto doce sem saber qual pegar para si.
Essas ondas são e sempre serão tudo aquilo que me toma, tudo aquilo que é rasgante em mim, os desejos, os medos, os sonhos, as buscas e o que há de mais obscuro nas entranhas das minhas vontades.
Mas voltando ao sonho em que Eu era Ela.
Estávamos num quarto de cor bege envelhecido. Toda vez que eu acordava, olhava pro lado e a via esticada na cama estreita, olhos cerrados, respiração lenta, silhueta descoberta pro calor do dia que já havia chegado, ela sempre permanecia na cama no esquecimento do tempo, tinha uma vida mansa de gente despreocupada com a tal responsabilidade ou até mesmo peso da idade.
Ela era tudo que eu buscava como coisa realizada; o carinho, a dedicação, o amor, o muito amor quase exacerbado.
Eu sempre quis alguém como ela; eu queria ser e amar como ela; porque na verdade eu nunca amei, eu achava que sabia, mas eu não sei e nunca soube amar!
E me satisfazia tê-la em minha vida como realização de tudo aquilo que refletia como minha sede de ser um pouco melhor. Uma espécie de sustentáculo.
Com o passar do tempo, fui me cansando, me exaurindo de toda aquela vontade que eu não alcançava ou que não me remetia porque de fato eu não conseguia ser tudo aquilo que eu almejava, tudo aquilo que transparecia nela com todas as cores e simplicidade possíveis.
Me vi fracassada diante do meu maior desejo. E eu não queria através dela estar diante de todas as minhas falhas.
Precisei despejá-lo, fingir não tê-lo, arrancá-lo de mim como quem rói uma unha e cospe fora o pedaço tirado.
Ao acordar, ela me olha, com aquele par de olhos... nunca terei olhar tão sereno!
Me sorriu. Aquele sorriso genuíno de quem ama sem precisão.
E foi aí que rompi com minhas vontades e mais uma vez me camuflei numa realidade só minha, sem querer remediar.
Ela partiu.
Mas antes, olhou bem nos meus olhos - que derramavam meu fracasso. sim, eu chorava incontrolavelmente, é difícil admitir! - e me disse:
Tua alma é cega! Caminha nas sombras alheias em busca de uma realidade inexistente ou perdida numa ambição de algo que nunca será.
Mas dentro de ti, bem dentro de ti, há uma alma presa e melhor, que não precisa se espelhar em nada. Um dia, ao se olhar no espelho você há de [se] reconhecer!

E antes que o sonho me remetesse à ondas que me deixam menores, Eu acordei!
Melhor, bem melhor.
De lá pra cá Eu compreendo as ondas ou uma boa parte delas. Onda é como gente e gente é extremado! Vez ou outra a gente se perde em si, quando não, no outro, num altruísmo imperceptível.
E os sonhos...
Ah os sonhos! Os perturbadores sempre clareiam qualquer caminho interno por mais complicado que pareça.
E talvez Eu nunca vá me esquecer das ondas ou pelo menos irei lembrar delas não como uma falha de um sonho que busca ser pensando, mas como um quebra-cabeça montado, pois como dizia a Woolf: Ela falha; mas onde falha e por que falha só pode ser descoberto com atenção e algum tempo.

autor desconhecido. perdido em si ou num outro qualquer. dá o play na seta!

1.12.08

então dezembro inicia-se com uma conjunção de vênus, júpiter e lua.
e lá da varandinha, eu os observava me perdendo em pensamentos ou desejos.
um solipsismo em volta, dessa vez, bom de sentir!
silêncio dos gatos, da noite, do vento.
há sim de ser um bom sinal, de trazer boas energias.


ou muitas transformações. dá o play na seta!