6.4.09

Chove muito lá fora.
Chuva de São José.
Desagua nos ladrilhos da rua mais bonita;
Leva os pós das janelas agora embranquecidas.
Leva as folhas secas do outono quente, como as esquecidas num livro velho.
Debruço-me, lavo os olhos com águas salgadas.
É bonito lá fora; tudo é mesmo muito bonito de fora.
Melancolia reprimida na gota que se esparrama ao chão.
Escorregam com peso, feito coisa com vida.
Desaguam, desaguam...
É chuva de São José.
E cada amanhã suportarei o próximo;
Os dias, as horas e a sombra inimiga do homem ao meu lado.
Chove muito lá fora.
E o fora parece mais límpido,
Quase remoçando.


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