30.12.07

feliz ano par!
vai.
vai e não me deixa resíduos!
já aprendi a distinguir o gosto asco na boca; a evitar tudo aquilo que me falha!
a saber que angústia é um alfinete no meio do peito que ao respirar ele dá uma pontada fina lembrando que tá ali.
aprendi que amor que amor vira dança, amor que é amor não se cansa.
que entre mágoa e perdão há uma linha tênue quase invisível, que para caminhar por cima dela requer passos de paciência.
já entendi que o que escapa diante dos olhos são as miudezas mais supérfluas da vida.
que aqui a gente é aprendiz.
vai ano ímpar!
júpiter há de ser mais forte desta vez!
e peço ao Deus Jano, que abra dois mil e oito para uma vastidão de coisas boas.
já sinto cheiro de dias lindos.

e como diz Caio F.
“que seja doce!”

29.12.07

Clara olhava Joãozinho lá de longe, os olhos brilhando de curiosidade.
Até que não resistiu e perguntou a Joãozinho:

- Joãozinho, por quê você ri tanto?
- Por quê? Porque dentro de mim moram borboletas!


...

Clara continuou sem entender.
Ainda era muito nova para amar.
Ou pelo menos mais nova que Joãozinho.

21.12.07

Eu arrumava a mala e ele ao lado.
Quantas pessoas estariam arrumando suas malas naquele instante?
Muitas, talvez...
Mas talvez poucas estariam enchendo suas malas como eu.
E ele ali, parado, escorado na parede lilás clarinho, calado, engasgado, será?
Segurando uma lágrima tímida nos olhos bonitos.
E eu arrumando a mala...
Levando tudo meu, um pouco nosso ou tudo nosso.
Inclusive ele.

19.12.07

... e mandou avisar:

- Zezim, se joga!
- Me jogar? Assim?
- Não Zezim, assim não. Se joga com tudo! Fecha os olhos e...

- Poim!
- Num disse Zezim?! É sabido que no fundo do poço existe uma mola, já dizia aquele moço filósofo!


dá o play

4.12.07

- ele me roubou as palavras.
- e agora?
- agora eu calo.
- mas pra sempre?
- talvez!
- mas...
- ou pelo menos até que inventemos novos vocabulários...
- é?
- é!
- tipo o quê?
- tipo: mai euqué cê filiz coele, ele coeu, nóis coaviola, os zóio trifásico, as bila, o bêju, os dengo, a linguage grilês e as onomatopéias de amô!
- eu hein!

ô besteira! dá o play

1.12.07

Ela tinha o olhar pidão, como quem diz:
- Mora em mim?
Ele tinha o olhar sincero, desnecessário de qualquer gestos ou palavras, como quem diz:
- Sempre, para sempre!

dá o play

29.11.07

Deixei de lado os dias mofados.
Aqueles em que sair da cama me causava dores no corpo.
Sonhos horríveis que roubam o sono.
Um esforço para alargar um mero sorriso sem jeito.

Da janela eu lembrava das vidas lá fora.
E as vidas lá fora me causavam enjôo.
Aquela coisa embrulhando o estômago, subindo, subindo e num vômito raivoso; eu parava, olhava toda aquela gosma nojenta espatifada ao chão e imaginava que ali tinha o pior de mim.

E tinha!

Hoje coleciono dias despretensiosos
Saio.
E do lado de fora vejos as vidas, as que temia, as que nunca nem vi...
Parece um mundo tomado por Júpiter.
Chego até a ouvir:

- Nossa, como tens o olhar cristalino!

rá! dá o play

26.11.07

Foi tão bom, que parecia um sonho.
Ou era de sonho aqueles gestos espontâneos,
Quase inventados no meio do novo.

Já não temo o novo.
Tem asas grandes e cintilantes,
Corta o vento, desvia das árvores,
Se esconde da chuva, se joga no tempo.

O silêncio era balbucio no entre de nós,
Silhuetas em curvas.
Pensamento fugaz que se faz no momento
Entrelaços e timbre da voz.

Deslizantes no movimentar.
Confiantes no palpitar
E em tudo que estava escrito,
No verde claro do teu olhar.

E de asas grandes e cintilantes,
Cortando o vento, desviando das árvores,
Se escondendo da chuva, se jogando no tempo.

Caímos no abismo do entre de nós.
No frio na barriga dessa queda em infinito,
No salgado em corpos molhados,
Das carícias tomadas em delicadezas.
Asas de outros cantos, de outros céus,
Outros portos e horizontes,
Passeiam agora, sem medo do tempo,
Do novo,
Dos ventos.

E se instalam arrojadas,
Bem no meio do estômago.

Feito borboletas.

dá o play

24.11.07

felicidade quando tá posta, nasce de um triz de manhã ensolarada,
de cinco e meia da tarde com céu amareloalaranjado,
de noite de lua cheia.
de estrela cadente roubando desejo,
de vento levando segredos.

adoooooooooro essa música! dá o play

22.11.07


Mesmo que minha alma não pareça um sem fim,
Ainda te guardo;
Remoída, esfarelada, estraçalhada e cortante.

Mesmo que minha alma não pareça um sem fim,
Ainda te quero;
Amarga, exaustiva, calada e cortante.

Mesmo que minha alma não pareça um sem fim.
Ainda te espero;
Contando, pensando, chorando e cortando,
O peito dessa alma que parece ter fim.

E antes que o fim apareça,
Nessa alma que é sim um sem fim.
Ainda te guardo, te quero, te espero.
Por mais cortante que seja.

e viva as rimas pobres!

dá o play no the cardigans

21.11.07


Me ligou angustiada, contando do sonho que teve na noite passada...

- Calma, calma! Foi só um sonho, nada real.
- É, pode ser...
- Tô te dizendo que foi só um sonho, são apenas lembranças ou desejos fragmentados do inconsciente.
- É, talvez seja... mas e agora?
- Oura, já que foi só um sonho não precisa se preocupar. Não foi, não é e nem será real!
- E em que sonho eu devo acreditar?
- Ah meu bem, somente naqueles que sonhamos acordada!

dá o play

19.11.07

Debruçou-se na janela.
Havia flores ao lado; violetas, lírios e arrudas.
O cheiro de café que vinha da cozinha do vizinho entrava intruso, casa adentro, por debaixo da porta, pelas janelas abertas e buracos de fechaduras...
Lá fora, tudo parecia mais calmo que ontem.
E tudo haveria de ser muito mais calmo amanhã.
Acendeu um cigarro, tragou, soprou como quem despeja num sopro, um certo alívio...
A fumaça misturou-se com o cheiro do café forte solto no ar.

E a partir daquele instante, tinha certeza de que os dias nasceriam de tonalidades brancas.

Feito calmaria
...quando o tempo é amigo e sincero


dá o play

17.11.07

Olhou para trás.
Pensava naquela ruma de gente colecionadores de palavras vazias.
No jeito falsário que vivem a vida.
Pensava de forma tão intensa, que era quase possível ver em sua face, as frases que lhe ferviam o pensamento: Ah se pudesse roubar a vida alheia, dar-lhes-ia uma bela de uma lição!
Mostraria-lhes o quanto é ruim o eco do poço.
O peso da lástima.
O prego no peito.
As rimas sem tom.


Passaram-se dias...
Olhou para trás e sem que precisasse sequer pensar naquela ruma de gente colecionadores de palavras vazias, os viu.
Lá estavam eles...
Lamentando o eco do poço
O peso da lástima
O prego no peito
As rimas sem tom.

Pensou de forma tão intensa, que era quase possível ver em sua face, as frases que lhe ferviam o pensamento: Ah meus queridos, eu disse que a vida é cíclica! E quem não fixa o olhar lá adiante... bem, há de tombar!

--

je t'embrasse très tendrement

--

tem dias que:
viver tem gosto de geléia de damasco com queijo brie

--

O pedido anotado numa folha de papel pautado.
Tudo tão rápido e intenso, que se parasse para respirar, daria medo enfrentar aqueles planos.
Regou as margaridas como quem rega o desejo.
Tinha absoluta certeza de que lá haveria de ser bem melhor.
E foi!
E ainda será!
Não mais acolá.
Agora num outro lugar.

Felicidade tem três destinos, três cheiros, três nomes, três cores.

E felicidade quando tá posta, só com o vento é que se deixa levar.
Seja lá o que for e onde for, já diziam os astros:
Será sem dúvida, tempo de colheita!

--

faaaala maria!
"então tá combinado, é quase nada. é tudo somente sexo e amizade..."

--

Arrèt là fille!

musiquinha para complementar o texto.
dá o play

12.11.07

verde

Há paisagens que residem em mim.
De um verde tão verde que chega a doer.
Tão límpido é o céu e o silêncio do teu olhar.
Montanhas longínquas,
Lagos vastos e cheios do meu lacrimejar;
Que encham os lagos de felicidade.
Mergulharia com tudo, num pulo bem alto e corpo inclinado;
Iria bem fundo, no fundo mais fundo
Onde guardo o segredo dos meus desejos.
Dou-te uns deles.
Dá-me os teus
Cruzemos os nossos.
De olhos fechados,
O som do silêncio,
O barulho do peito,
O vento sem jeito.
Busco no tempo um caminho
A esperança solta no espaço.
Na janela do ônibus,
Me fixo na tua imagem.
Um sorriso.
Os sorrisos
E a certeza de tudo que há.
Segue o ônibus
Que rasga veloz
O vento na estrada que corta aquele lugar.
És tu, és tu todo o verbo amar.
Busquemos os sonhos.
Deixemos o lúgubre dos nossos medos.
Faremos do tempo, o gerúndio dos nossos desejos.

28.10.07

Blog fechado para balanço, por tempo determinado [por mais uma vez]
Mas antes de me ausentar, deixo aqui uma dica de filme:
PIAF.
Sempre acho extremamente necessário assistir a filmes dramáticos e doídos, me remete aquela velha frase, “viver para humanizar”.
Piaf é um filme pra morrer de chorar, pra entender de dor, de sofrimento, perda e amor. Afinal, quase sempre, os sentimentos citados não ocorrem sem o dito amor.
E antes de vocês saírem correndo para o cinema, vejam Piaf cantando, no vídeo abaixo [linda a letra dessa música!]

NON JE NE REGRETTE RIEN

Té mais... ou pelo menos até o tempo determinado!

22.10.07

- Falaram em medo...
Ouviu?

- Ouvi!

- Falaram em desejo...
Ouviu?

- Ouvi!

E que barulhos são esses?

- Nada... é apenas a sinuosidade dos sons.

--

“quem não cuida de si a terra enterra”

--

Espero o inverno chegar.
Até que me venhas na rapidez de um rebuliço,
Numa sede desatinada.
Me leva,
Me leva no cheiro meu bem,
Na foto que ficou no piscar do teu olhar.
Sou teu passado mais presente.
Serei tuas noites sempre despidas,
No frio da madrugada,
Na manhã ensolarada,
Que desabrocha como uma flor
Essa ilusão de ontem,
A incerteza de hoje,
A clareza de amanhã.
Me despetala meu bem
Mesmo antes do inverno chegar,
São pressurosos os meus desejos.
E é na boca que irei guardar
Todos os gostos de ontem,
Hoje
Amanhã.
Antes mesmo do inverno chegar.

Até mesmo quando inverno chegar.

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19.10.07

debutando

- Doutor... a minha filha, a menina reclama de umas dores no peito todo santo dia! Não sei o que é. Fica chorando pelos cantos da casa. Doutor, doutor, uma menina da idade dela, será que já tá com problema de coração?
- E me diga, há caso de “cardíacos” na sua família?
- Meu pai! O meu pai tinha o coração crescido, doutor.
- Pois amanhã traga sua filha pra eu examina-la.

[...]

- E aí doutor, o que os exames dizem?
- Minha senhora, não é tão grave assim, e é exatamente o que eu imaginava...
- E o quê a minha filha tem doutor? Aaaande. Diiiga!
- Sua filha tem coração crescido!
- Ah minhanossasenhoraparecida! Não acredito! E agora?
- Será preciso fazer uma "drenagem interna".
- Drenagem? No coração? E como é isso doutor?
- O coração de sua filha tende a se alargar a cada ano. E só a drenagem há de tirar o “grosso” de dentro.
- É?
- É! Mas há algumas complicações para este tratamento.
- Ô meu padim cícero! E quais são doutor? Me diga...
- Minha senhora, o problema é que...
amor nem sempre tem cura!

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17.10.07

Sentandos debaixo de um pé de ipê branquinho, branquinho.
As folhas secas dançado a dança do redemoinho oferecida pelo vento.


Me olhou com aqueles olhos desprovidos das coisas de dentro.
Sorri.
Sorriu.

Os olhos, nos olhos...
A gente sabe bem quando é amor!


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15.10.07

íris
E me olhas
E é aí que corres em mim como se fosse uma represa forte que vai aumentando, aumentando, desaguando, desaguando
Nas casas, ladrilhos, ruas e flores...

E me olhas
E é aí que corres em mim como uma represa forte que vai me resvalando, resvalando, descansando, descansando
Os pensamentos, corpo, alma e lágrimas...

E me olhas

E é aí que já não te vejo mais.

--

feriado
O Crato é lindo! Quente de derreter a moleira. Companhia ótima e cheia de dengo. Paisagem. Poesia. Árvores. Verde. Seca. A viagem e a velhinha com bandolim. Picolé de coco. Almoço da Iranir. Irmã. Cerveja. Vinho. Paris. Fotos. O alto bucólico. Praça da Sé. Blues. Teu colo confessionário. Petit gateau é cuscuz de chocolate. Estrela cadente, pedido desejado. Saudade, saudade. E a madrugada rachando a janela do ônibus. Eu volto...

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metáfora:
- Dooona Juliana, ouvi dizer que cobra cascavel num tem bicho que chegue perto. É peçonhenta por demais e mata qualquer um.
- Ah Maria, bota um “teiú” pertinho dela pra ver quem há de viver!

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"Si tout le monde était comme moi je n’aurais pas besoin de detester lês autres!"

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publicações
O poema concreto que escrevi aqui uma certa vez, foi publicado no site do Centro Cultural Dragão do Mar.
Aos que queiram reler, aqui está o link: FELICIDADE CONCRETA.

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diálogo
- Qual a distância que é preciso ter entre mim e você?
- A do porvir!
A distância do porvir...


--

da casa sete
Ainda compro uma passagem pra morar no teu interior.


--

Felicidade em tom azul.

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10.10.07

Curiosa do jeito que sou, hoje aceitei um convite inusitadíssimo!
Fui a uma reunião budista. É claro que saí de casa com o senso comum buzinando no “pé do meu ouvido”, dizendo: luana, lá vai ter um monte de gente dos zoim puxado, com uns lençóis cobrindo o corpo e mãos cruzadas gritando Ooooommmm.
Na verdade eu tomei um belo de um susto, belo porque jogou lá longe o meu senso comum e ainda assim, preencheu todo o vazio que ele deixou com pura filosofiadevidariquíssima e sacolejos bons [eu diria necessários para a ocasião “libriana” do momento]
Além de muitas coisas que peguei pra mim e guardei com muito carinho, tenho quase certeza de que Heidegger era budista!
Aprendi que Prajna Paramita é essencial para praticarmos nossos Dharmas e compreendermos os cinco Skaradas e Sunyata, entre outras coisas... [e se quiserem entender, vão ler sobre budismo porque não decorei tudo numa só noite não].
Mas foi suficiente pra entender que o primeiro passo é se conscientizar da significância e consequentemente da insignificância também [upurusemiótica isso]; a gente destrói nossas oportunidades no apego [isso é um fato consumado] e o apego diversas vezes pode nos destruir; toda dor traz maturidade, toda maturidade é amorosa e todo amor traz compaixão, e compaixão é essencial para entendermos o outro e nós mesmos; e tudo, tudo nessa vida tem uma outra margem, é preciso lembrar de ir até ela, além dela. E TENHO DITO!

Prajna = sabedoria
Paramita = profunda
Dharmas = aquilo que você vem fazer no mundo
Skaradas = 5 agregados necessários que precisamos
Sunyata = vazio


PS - Mãe, não se preocupe, não irei virar budista! Já faz um tempo que aprendi a filtrar das religiões, aquilo que me é cabível.

--

Além de Caio Fernando Abreu e Walter Benjamin, meu outro VÍCIO.

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assim a gente não sai, que esse sofá ta bom demais...

--
Auroras das vidassss
Aurora gosta de fevereiro porque adora serpentinas.
Só namora geminianos mas não sabe lidar com a dualidade e o individualismo dos mesmos.
Aurora não conhece os arianos.
Nem sabe que com o tempo, às vezes é necessário inovar pra poder amadurecer um bocado.
Aurora teme o tempo, passa renew todas as noites achando que o tempo é coisa que só se vê nas rugas da pele.
Aurora é tão imatura que transparece felicidade.
Aurora só tranparece felicidade...
pergunta à ela que gostinho tem?

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saga de Teresa
Há três cartas de Teresa, ainda lacradas. Não as abri porque não estou para ladainha fútil... não agora. Quem sabe amanhã.

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O HOMEM da minha vida!

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"C'est que s'il a en effet séparation infinite, il revient à la parole d'en faire le lieu de l'entente, et s'il y a un insurmontable abîme, la parole travesse l'abîme" [Blanchot]

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Somos ínfimos e grandes
O que vale de fato
É o risco!

6.10.07

No gerúndio: retornando
Já é outubro, mês de equilíbrio e outono [em algum outro hemisfério], estação bonita até no nome.
Setembro terminou no esgotamento de gerúndio... começou bem, trouxe o ano par, o ano catalogado de forma bonita, trouxe realizações e outros extremos, setembro terminou bem dizer de um jeito ótimo!
Aqui, há uma felicidade indizível. Ainda não é completa, vai vingar quando novembro chegar. E tenho vivido no caminhar do calendário, porque quando a coisa tá posta, a gente só precisa que anoiteça e amanheça...
E pra fazer jus ao diarinho e ao tempo perdido.
Bem, escrevi um projeto que tem mais de 3 anos que morava dentro da minha cabecinha, guardado na gaveta de planos. Nasceu com todos os sacrifícios que aparecem quando se tem um prazo determinado, quando se tem de imprimir algo, corrigir algo, enviar algo, enfim, projetar.
Fora essa felicidade, a garganta nunca mais foi a mesma depois daquela amidalite. O dotô diagnosticou: refluxo!
Corri para casa pra ler tuuuuuuuuuuudo sobre refluxo no meu querido google. E aprendi que: O esôfago da gente é um canal de 35 a 40 cm que liga a boca ao estômago. É elástico e na espessura de sua parede contém camadas musculares recobertas internamente por uma delicada pele com o nome de “mucosa” [ô palavra horrorosa], parecida com o revestimento da boca. O início do esôfago fixa-se na parte inferior da garganta, desce pelo mediastino e cruza o diafragma através de um orifício chamado hiato, poucos centímetros antes de se abrir no estômago. O tal mediastino é a região entre os dois pulmões e o diafragma é uma calota muscular que divide o tórax do abdome. O esôfago tem ligamentos para prendê-lo junto ao hiato diafragmático [talvez seja por isso que se chama hiato, que nem na gramática] e que contribuem para formar um tipo de válvula de retenção para impedir o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. Quando o esôfago desliza para cima mais que 2 a 3 cm., ele puxa o estômago e ambas as estruturas se deslocam para o tórax. Decorre dessa alteração anatômica a Hérnia Hiatal que, por sua vez, prejudica a válvula anti-refluxo. Quando o conteúdo do estômago, em geral muito ácido, atinge a mucosa esofágica, este tecido reage - inflama – originando por fim, a Esofagite de Refluxo.
uÓ! Não posso mais jantar e ir dormir sem antes ter passado pelo menos duas horinhas; sem exageros de cítricos [nada de suco de laranja do são luiz], doces [nem potes de nutella], gordurosos [muito menos caranguejo da marulho e camarão da vizinha do jambo], evitar bebida alcoólica [natalia sem companhia para a tequila] e café.
Tô lascada!

--

aprendiz
Olhou para ele e disse:
Acontece assim, quando você olha pra trás e atrás ficaram somente os resíduos de uma vida infeliz...
Acontece assim, quando depois de olhar para trás, você olha pra frente e na frente, bem lá na frente é que tem tudo que você sempre quis.

--

Luana Aurélio:
Ca.be.ça de ven.to: adj m+f 1 Pessoa que só tem vento na cabeça e quando vem um vento contrário se esparrama no chão. 2 sn Fútil.

--

Eu e ROBERTO queríamos mudar o toque dos nossos celulares, vasculhamos a internet para conseguir algum grátis, mais uma vez meu querido google nos leva para um site em que há um texto de gênero “artigo”, em que me fez perguntar: até onde vai o limite de falta de noção das pessoas ao publicarem uma coisa na internet e nomeá-la de “artigo”?
Vejam o link: http://www.dicasgratis.com.br/toques-para-celular-gratis
PS - Vejam a lista de "artigos"
Prfff...

--

Céu
"Consciência é a maior arma
Mapa pra qualquer lugar
To na área,
Deslizando,
Num concreto a recortar
O horizonte ali adiante
Tomou forma geométrica
E o que era importante
Tive que memorizar
Sem problema,
To ligeira
Já bem sei remediar
Minha voz é o que me resta e rapidinho
Vai ecoar
Pelo vale, na Pompéia
De Caymmi eu ouço o mar
Villa Lobos, a floresta
Hoje eu vou sacolejar
Caiu na roda,
Ou acorda,
Ou vai rodar..."


--

recado
Quero uma dose de sauza pra poder dizer: outro drink aê mah!

--

Meus queridos: felicidade mora no Km 1!

18.9.07

Atenção: blog fechado para balanço, por tempo determinado!

Setembro vem no gerúndio.
Quase digo que estou setembrando.
Já consigo ver os tijolos todos montados.
O cimento ao lado
Uma casa que por dentro é lilás.
E se for pra ir mais além, até sinto a estação daquele lugar, até sinto o cheiro da cidadela.
E mais longe ainda, sinto que meu amor mora lá.
Olhos que gritam bondade, que arrastam um sorriso bonito.
Netuno vai nos embalar numa dança
Que cantarei com palavras alheias, uma saudade tão estranha quanto tudo que é novo.
E a única certeza de que lá é sim o meu limiar.


Se eu pudesse chegar em pensamento
E não deixar evaporar
Isso que tão etéreo como o álcool
Me consome embriagado em olhos e palavras
Que enxergam esse mesmo etéreo
Estaria outra vez, dentro a costurar
Fatos que ainda não vi

Mas que hão de vir na magia de um dia-a-dia
E quando ouço a tua voz
Ouço mais, que ouço nós
Ouço mais, que ouço nós
Ouço mais, que ouço nós


Meus queridos, felicidade tem sabor!

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11.9.07


Carta para um amigo

Caio, já faz um tempo que eu não paro o meu tempo pra escrever pra você.
Talvez eu tivesse esperando um motivo especial ou talvez vários motivos especiais. Como você mesmo disse uma certa vez: “a gente não deve permitir que as cartas se tornem obsoletas, mesmo que talvez já tenham se tornado”.
É setembro, mês bonito e de ventos fortes.
É dia 12, dia todo teu. E a carta é sim para desejar um feliz aniversário! E ainda dizer que “a gente atravessa setembro” e pra nós virginianos isso é sempre motivo pra sorrir. Acredito que já tenhas realizado seu sonho de ser mago... para mim tu és agora um mago e te imagino numa bata cumprida azul clarinho, com teu lenço estampado na cabeça, chinelos e fumando um cigarro, - um mago que fuma cigarros - olhando os transeuntes com ar misterioso, como quem olha e ultrapassa os tecidos epiteliais, adiposos, os músculos e se apossa do íntimo alheio. Bom tentar desvendar o íntimo alheio num simples olhar não é?
Aposto que num dia como hoje você já teria feito seu mapa astral, pra saber onde o bendito Saturno estaria dessa vez...
O meu é de uma beleza de arrancar sorrisos, é tempo de confinamentos que trazem felicidades discretas, sutis; é tempo de produção, escrever, escrever, escrever; tempo de canalizar os karmas que vêm pra tirar o foco de foco; é tempo de egocentrismo barato e um egoísmo um tanto delicado, a gente melhora com esse tal “tempo” não é? Quase consigo ver você repetindo pra mim: “a vida é muito curta e sacrifícios demais simplesmente não vale a pena”.
Chega uma hora que você olha tudo em volta e se depara com um amontoado de coisas erradas, bagunçadas e fora do lugar. Virginianos sofrem com as bagunças, principalmente com as internas... e você que já revirou tanto suas gavetas internas, bem sabe disso. E aproveitando a metáfora, tem momentos que não cabe mais que compremos novos armários ou até mesmo cofres pra guardar o que julgamos ser mais precioso. Aqui dentro está tudo devidamente arrumado agora. Joguei um bocado de coisas fora, quebrei outras, ateei fogo nas que aparentavam ser mais fortes; há gavetas vazias para o que é novo, há gavetas arrumadas para o que merece um lugarzinho bonito.
A gente tá se perdendo todos os dias, pedindo pras pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente não se recusar a se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. Eu nunca vi porque evitar a fossa. Se a fossa veio é porque ela tinha que vir. O negócio é viver ela e tentar esgotar ela”. Me esgotei até a última gota nesse ano ímpar que passou... Com todos os níveis de hipérboles que tenho direito.
Aqui as coisas continuam na mesma ou talvez piores em alguns aspectos. O mundo tá reviradíssimo! Essa coisa de política é o que há de mais nojento que nós humanos podemos “assistir”. A meu ver, a política é a primeira camada do que compõe o que chamamos de ambição. Político me remete muita fúria Caio, muita, entre outras coisas, claro!
Os adolescentes de hoje são meio retardados, se apegam a entorpecentes logo cedo e acham que dominam o mundo, quando na verdade não dominam nem o mundinho ignorante deles. Alguns adultos têm adolescência tardia e caem no mesmo bacanal achando tudo lindo, esquecendo que mais fácil seria usar um nariz de palhaço e blah blah blah blah...
Mas é isso Caio, quando é pra parar um segundo e pensar na presentificação do mundo, dá um nó por dentro, uma vontade de sumir, porque é tudo tão supérfluo e insensível, é uma incapacidade absurda de ter autenticidade e permanência, de se fazer mais humano... e como diz Heidegger, é o tal do Geworfenheit [ser-lançado-no-mundo].
Respeito é humildade. Caio, ninguém mais sabe respeitar hoje em dia, ninguém!
Endureci um pouco, desacreditei muito das coisas, sobretudo das pessoas e suas boas intenções”.
Saturno tem rondado por aqui, de um jeito extremamente calado, não é gritante dessa vez. Vai me levar pra onde a bússola não aponta Nordeste, ou seja, pra onde “eu” quero. Determinei! Tá tudo catalogado!
Não me canso de te ler e de pensar que talvez eu ainda passe mais dois anos matutando tuas palavras... isso muito me alegra, mesmo que seja uma análise de toda a tua melancolia. A gente não se deixa, a gente não se larga, a gente se ama, mesmo tu estando bem longe. Hoje, mesmo que só em pensamento, comprarei um bolo de chocolate bem gostoso igual o que teve no meu aniversário, para tu se deliciar de coisas boas, vou comprar uma garrafa de uísque e te darei de presente um livro da Woolf - para que não seja preciso roubar novamente - ; flores, incensos, um disco da Billie Holiday, um caderno pautado branquinho, branquinho - pra tu rabiscar os teus dramas bonitos -.
E a gente vai sentar na varanda de cá, pra deixar os ventos de setembro nos acarinhar um pouquinho e levar qualquer que seja o tormento, porque sempre há, sempre haverá um triz de tormento, por mais tolo que seja, faz parte dessa coisa de “ser”.
E sem modéstia, somos bons virginianos, que temem Saturno, que vencem Saturno, que conseguem arrumar as gavetas internas e talvez sejamos os únicos, que dessa limpeza nos fazemos melhor.
A gente sabe que aqui, “tudo aos poucos vira dia e vida”.

Feliz aniversário!
Carinho muito, Luana.

escolhi "angie" porque sei que você gostava de ouvir. dá o play

10.9.07

Teresa mandou uma carta digitada [hoje em dia ninguém mais manda carta escrita à mão... hoje em dia as pessoas quase não mandam cartas]:

Amiga, estou escrevendo para dar uma péssima notícia.
Não passei no vestibular!
Fiquei triste claro! Mas fora isso estou muito feliz.
Arrumei um namoradinho. Bem, ele ainda não é meu namorado assumido [porque ele tem uma namorada, mas isso é segredo]. Sou o que todos chamam de “amante”, não gosto dessa palavra, prefiro pensar que serei a futura namorada dele...
Ele é meio escrotinho, mas acho que quando tiver mesmo comigo, eu vou conseguir botar ele nos eixos, ensino o que é amor, levo ele pra dançar um bom forró, pra assistir a novela comigo.
Todo dia ele diz que vai largar a namorada dele pra ficar comigo, mas sempre a desgraçada arruma um problema, uma viagem, uma febre, uma dor de barriga...
Mas sei que ele já me ama. Tem ciúme de mim, até dos cachorrinhos que mimo na rua ele tem ciúme... vai me dizer que isso não é amor? Vou esperar o tempo que for... Ele até deixa eu ficar com outros carinhas... Eu fico, mas não gosto muito, meu coração já é todo dele, o povo aqui diz que só pego kafuçu nas discotecas, mas não tô nem aí... meu negócio agora é ser feliz, ter alguém pra tomar um engradado comigo, pra dançar até cair. Tudo bem que sempre chego nas festas sozinha, durmo sozinha, não tem ninguém pra amar de verdade [pelo menos até meu namoradinho largar a outra lá], mas o lema é ser feliz e pronto!
No mais tá tudo bem, meus amigos disseram que eu não passei no vestibular porque fui fazer a prova embriagada [inventei de sair na noite anterior pra esquecer a ansiedade].
Não acho que tenha sido por isso, a prova tava mesmo difícil.
Tu acredita que a redação era pra fazer uma dissertação sobre a importância da Amazônia para o país?
E lá sei qual a importância de um lugar que eu nunca fui!
Fora a prova de literatura, perguntas para interpretar coisas do livro do Guimarães Rosa, aquele lá... num sei o quê das veredas... li o livro todinho, de cabo a rabo, mas até agora num sei se Diadorim é homem ou mulher!
É isso... estou feliz!
Sempre lembro de você por aqui... com saudade.
Porque por incrível que pareça, fiz alguns amigos, gente boa, divertida, mas tudo que eu faço eles repetem a mesma frase que tu:

"- Teresa Teresa, não brinca Teresa!"

Se eu fechar os olhos até consigo pensar que é tu do meu lado repetindo essa ladainha.
Beijos, Teresa.


--

"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias"
[Fernando Pessoa]

--

Mágoa é coisa tão de dentro, tão de dentro.
Que de fora ninguém nem vê.
Ninguém sente.
Ninguém quer saber.

--

O fim da era abissal foi lindo!
Festinha lotada, comida boa...
De todos os amigos que ligaram e convidei, faltaram poucos, bem dizer só seis.
Teve o melhor bolo do mundo.
Muitas fotos dessa vez...
Adorei a presença de todos, a alegria, os presentes, os cartões lindos lindos e os e-mails e mensagens de celular no dia seguinte, dizendo que a segunda-feira começou feliz...
Pra mim também. Amo vocês!

--

"Como caber em seu juízo lugar tão grande?"
[João Carrascoza]

--

Preciso te contar que agora tenho as unhas grandes e que irei pintar com esmalte café.
Hoje ainda é segunda-feira e quase as roí de tamanha ansiedade.
Ainda demora para que o calendário me traga o sábado.
Quero comprar uma blusa nova e uma saia de tecido mole, pra que eu dance pouco e pareça muito.
Passarei a sombra preta nos olhos, colocarei aquele brinco que uso quando quero ficar bonita.
Precisa sobrar uns trocados... talvez eu te pague uma caipirinha.
Talvez dessa vez você dance comigo e cante Re-Offender bem alto.

Talvez, dessa vez, a noite seja bonita!

dá o play

6.9.07

Quando o amor tem a cor cinza

Acordei ansioso naquele dia, porque não era um dia comum, como aqueles de rotina cansativa que eu costumo ter e que sei exatamente o que vai acontecer de hora em hora. Na verdade era sábado, mas não era um sábado qualquer, por sinal tava um dia lindo lá fora, um cinzameioazulado.
Levantei da cama imediatamente, tomei um banho quente, fazia um pouco de frio na grande São Paulo. Escolhi a blusa verde, a que ela me deu na nossa última ida ao shopping, coloquei um jeans, o tênis e um casaco pra aquecer o corpo. Não esqueci da caixinha. Passei na floricultura do Sr. Paulo que fica numa esquina bonita aqui da Vila Mariana, comprei Lírios da Paz, grandes e de um branco tão límpido que parecia gritar um amontoado de expectativas que nascem da doída vontade de que do nosso relacionamento brotasse um pouco mais de paciência, de uns tempos pra cá a gente andou discutindo por muitas besteirinhas.
Peguei o metrô, fui até a Consolação, toquei a campainha da casa num tremelique absurdo tomando o meu corpo, era o frio e o nervosismo de estamos comemorando nossas Bodas de Papel; quis fazer diferente dessa vez, já que ela sempre reclamava da minha “falta de comemoração”.
Odete abriu a porta resmungando que a Ju ainda estava dormindo.
Perguntei se eu podia acordá-la? E assim que me respondeu de forma positiva, fui logo subindo as escadas sorrindo numa felicidade incontestável.
Lá estava ela, dormindo toda coberta sem sequer uma brecha pro frio.
Dei-lhe um beijo, ela acordou.
Me sorriu, se espreguiçou, disse um bom dia ainda sonolento e sentou na beirinha da cama.
Estiquei o braço entregando-lhe os Lírios.
Me sorriu de novo, dessa vez cabisbaixa, como quem fica envergonhada; nos abraçamos desejando feliz Bodas de Papel, nos beijamos como quem pede mais amor e tolerância para os próximos dias, meses e anos.
Desci para que ela tomasse seu banho sempre muito lento, para que depois a gente pudesse ir até o Parque Ibirapuera, passear, ganhar o dia, andar de bicicleta [promessa que fiz no primeiro mês de namoro e nunca cumpri].
E foi exatamente o que aconteceu, ganhamos o dia, em passeios e comilanças, alugamos duas bicicletas, pedalamos cortando o vento frio, o cheiro de verde, parecíamos felizes, estávamos felizes, eu com meus sorrisos sempre largos, ela com os seus um tanto acanhados. Coisa de frio, o frio às vezes desanima.
Era quase noite quando decidimos voltar para casa, deixei-a na Consolação e lá mesmo ela me deixou. Nessa mesma rapidez em que acabei de dizer.
Me faltou o ar; senti meu sangue paralisar em meu corpo naquele exato momento; como se o vento congelasse tudo em volta, me peguei dentro de um mundo absurdamente vazio, o barulho da minha respiração acelerada ecoava como se não houvesse mais nada em volta, nem cores, nem cheiro, muito menos sentido.
Um choro que pesava toneladas por dentro parecia preso no meu esôfago, em meus olhos, não consegui derramar uma única lágrima.
De repente me vem aquela ânsia de vômito, conseqüente de uma tontura, taquicardia, arrepios e acho que todos os sentimentos ruins que um ser humano pode sentir me tomaram naquele instante.
E ela ali, parada, pálida e cheia de lástimas. Até chorou um bocado, não sei se por pena ou talvez por alívio. Porque alívio quando num é como um sopro gostoso é um choro. Tem gente que chora de alívio.
Eu já sabia que amor não é só uma coisa de dentro, amor é leveza, amor é azul, amor é gesto... ela, ela não podia me dar dos seus poucos gestos que vinham do pouco de dentro.
Pedi com muito esforço um último favor, que me trouxesse um copo d’água que era pra eu ter forças e conseguir voltar pra casa. Foi a única coisa que consegui falar.
Trouxe a água e ainda algumas explicações desnecessárias que eu ouvia e davam a enorme sensação de que ela , sem nenhum pudor, enfiava uma faca bem do lado esquerdo do meu peito, me causando uma leve sensação de torpor.
Fui embora, ainda com a caixinha no bolso guardando um par de alianças que rodei a Paulista inteira para encontrar, porque eu queria anéis que ao colocar em nossos dedos, fossem de uma boniteza tão intensa que gritasse que ali era amor.
Depois daquele dia vivi os piores de minha vida. Sofri como se sofrer fosse a exatidão do viver... e é! E todas as sensações que senti naquela noite se perpetuaram por muito tempo. Meus dias foram se resvalando, resvalando, resvalando; até que depois de um ano, me ergui daquela tortura, do breu de mim, dos gostos ascos e de puro amargor, da dor, das dores.
Era julho, um outro Julho.
Eu passeava pela Liberdade, desde que ela me deixou eu me acostumei com o solipsismo, mesmo que agora sem sofrimento algum.
A praça como sempre cheia de cores, mas naquele dia acontecia a famosa Tanabata Matsuri - o Festival das Estrelas -.
Tinha alguns palcos para apresentações, estava toda decorada com ramos de bambu e enfeites de papéis coloridos que simbolizam as estrelas.
Fiquei passeando por ali, apreciando um pouco da beleza oriental, até que me esbarrei com um descendente de japonês que estava ajudando na decoração; conversamos por algum tempo, o suficiente para ele me dizer que a festa acontece para celebrar uma história de amor, e me explicou passo a passo a história e o ritual.
Comprei um tanzaku, papel onde podemos anotar um pedido, escolhi o de cor verde e nele anotei meu desejo, amarrei num sassadake - ramo de bambu - e esperei ansioso o início do ritual. Onde todos se reúnem e queimam os tanzaku para que a fumaça leve os pedidos até as estrelas.
Esperançoso voltei para casa...
Passaram-se meses e depois desse longo tempo, numa tarde qualquer, me peguei pensando naquele dia, na Praça da Liberdade, naquela festa, naquele ritual...
Olhei meu quarto numa panorâmica, eu ali, sozinho, feliz. Felicidade sutil, epifânica, azul, quase ímpar... sorri, discreto e gostoso...
E compreendi que da fumaça sobram as cinzas e nas cinzas foi o que restou.

Perdido tavez, porque cinza era também a cor daquele amor.

dá o play

2.9.07



.baim de bacia. eu e ele. ele e eu.
.baim de prainha. eu e ele. ele e eu.


Aprendi com Kardec que nada aqui é em vão!
Os amigos, os conhecidos, os grupos primários - isso mesmo, a família -, nada é em vão.
Aprendi também que antes de vir pra cá, o moço lá escolhe a dedo, pra começar uma nova história ou para terminar alguma inacabada. O fato é que essa e minha crença!
E já me perguntei diversas vezes que missão é essa que me botaram para vir com ele? Ele que é tão lindo, tem o coração tão puro e um romantismo absurdo. Ele que é minha versão masculina virada ao avesso.
Lá na reunião eles disseram que, ou seria para aprender a se amar - porque antes éramos tomados de muito desamor - ou seria para aprender a se separar - porque antes éramos tomados de muito amor -.
Levando em consideração que já vai fazer 10 anos que saí daquele Norte e que saudade hoje é minha sina! Compreendo que, já fomos tomados por muito amor, antes, bem antes... talvez seja isso. E agora nos amamos do jeito mais manso, em qualquer que seja a distância, pelo fio ou pelo avanço maravilhoso da tecnologia.
Seja Norte ou Nordeste, Sul ou Sudeste, meu amor vai sempre romper barreiras, estradas, mar, rios e céus. E estarei te amando de um jeito todo silencioso. Rezando ao cruzar as mão para acalentar o sono. Estarei sonhando na tentativa de no sonho realizar os teus, pra te roubar um sorriso, mesmo que perto eu não esteja, será sempre muito simples fechar os olhos e imaginar teu rosto ao lado do meu, tu me acarinhando com tua mão pesada... consigo pensar que hoje é sábado e tu me roubas pra uma dança, quase consigo te ver “torrando” uma picanha porque sabes que gosto de carne bem passada; tu fazendo “cerveja suja” naquela cozinha enorme, porque acha muito bonito me ver embriagada; consigo sentir o calor das tardes quentes e tu me levando pra tomar aquele sorvete de tapioca e depois olhar o rio, o barco cortando o rio, o rio cortando as árvores e teu amor que chega quase rasgando alegria em mim, e só de imaginar dá um rebuliço gostoso por dentro dando a certeza de que isso sim é que é amor.

Só nos meus sonhos o azul do meu mar se encontra com o marrom caramelado do teu rio, do nosso rio.
Só nos meus sonhos meus carinhos são desinibidos e te boto pra dormir e te acordo com um beijo, aquele beijo.
Só nos meus sonhos enxugo tuas lágrimas e assopro teu peito, às vezes inflamados, às vezes só arranhado querendo atenção.
Só nos meus sonhos te amo de um jeito todo calado, para que a nossa próxima missão não seja de birra.
Só nos meus sonhos eu abro espaço dos meus para sonhar os teus, porque tua felicidade é minha e meu sorriso é conseqüente ao teu, afirmando que seja qual for a distância, nossos laços serão eternos.

Feliz aniversário pra nós!

te AMO!

manão, a música é presente virtual, que sei que tu gosta. dá o play

29.8.07

fazendo jus ao que chamamos de diário virtual:

Minhas amígdalas são tão amigas que decidiram unir-se, como quem se abraça sabe?
Um amor absurdamente inflamado... Mal consigo engolir minha própria saliva. Tenho tido noites de febre, muitas drogas e também muito dengo. Espero que essa amizade ridícula não dure por muito tempo, tenho "cousas" a fazer...
Pelo menos ganhei meu primeiro termômetro, ainda com o sermão de que "quem mora só não pode ficar sem termômetro em casa".
Aproveito para agradecer as pessoinhas que ligam de hora em hora pra saber se as bichinhas já decidiram morar cada uma no seu devido lugar.
Di, Jambo, Dri, Fon Fon, Milena, Gê e Mamis... Toda vez que o telefone toca ou só apita, parece que o dengo passa pelos buraquinhos ou pelo visor e me traz um punhado de cura. Eu gosta, eu.
Brigadinha! Estou melhorando em passos lentos, mas isso é o que importa.

--

fim da era abissal! au meno pra mim \o/

Já dizia o tal astrólogo: “viverás intensamente teu inferno astral”.
Eu só não sabia que seria tão doído assim. Não sei se vocês sabem, mas na astrologia, o ano novo começa exatamente no dia do seu aniversário, quando o sol vem praticamente para clarear tudo em volta [ou não]. E o meu ano novo começa segunda-feira, já até consigo sentir um cheiro de felicidade, algumas coisas ganham cores e até significados.
Eu sempre achei péssimo quando meu aniversário caía numa segunda-feira, mas dessa vez parece que veio como quem diz: vai Luana... começa a semana, o mês, o ano de um jeito bonito, porque tá tudo traçado! Setembro começa com Virgem na casa 4, com Sol, Mercúrio e Saturno [não se deixa levar por Saturno Luana]; brinda o silêncio. Mantenha o foco e seus segredos... Não esquece do Walter Benjamin, aquele que você tanto leu... segredos deixam de ser segredos quando contados à outra pessoa, seja benjaminiana Luana. Guarde-os, guarde-os!
Vai e não olha para trás... a menos que seja para dizer:
“Meu querido dois mil e sete, obrigada pela maturidade e qualidades que me destes, mas a hora agora é de você partir! Volte meu bem, volte para o canto de onde viestes e seja infeliz você sozinho, no calor do seu inferno, porque é tempo de felicidade anunciada! Tá posto!”
Uma leve certeza de que Setembro vai vir também permitindo alguns palavreados do tipo: "caralho dois mil e sete! se manda, se manda e vá tomar bem no olho do seu... inferno!"

Perdon pelo palavreado! Mas tenham cuidado meu povo, porque Jano nem sempre é amigo!
e tenho dito!

--

ela olhou para ele e disse:

- ... Eu sou volúvel meu bem!
- É mesmo?
- Sou!
- Que pena! Porque eu tenho labirintite. Tchau!


--

psiu!

o silêncio protege.

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dica de filme:

Primo Basílio.
PS – Glória Pires minha querida... você as vezes me surpreende!

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tsc tsc tsc...

A mulher que é fracassada... Deus tem pena e num simples olhar dá a ela um amor.
A mulher que é fracassada... Coitada! num simples piscar perde um amor.

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regra

Meu pooooovooo, senso comum é para os mais pobres de pensamento.
Mas, toda regra tem sua exceção! Fazer o quê?

--

ele partiu dizendo:

- De longe, vou continuar te amando Gabriela, de um jeito tácito, mas te amando.
- De quê adianta Antônio? Se eu gosto de amor mas não somente em burburinhos...


--

aspas

Everything you want to give me
It too much
It's heavy
There is no peace

All you want from me
Isn't real
Expectations


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destinatário sem nome

Se eu tivesse o endereço eu mandava Lírios da Paz.
Àquela menina que não sabe o que faz.

--

Ah Guimarães, seu mundo era todo Rosa!

"Cada hora, de cada dia, a gente aprende uma qualidade nova de medo!"


Meus queridos, felicidade tem textura!

adoro essa música! dá o play

23.8.07


A metáfora do Resta Um.
O resta-um é um jogo solitário cujo objetivo é, no final, conseguir deixar apenas uma peça sobre um tabuleiro que comportavam inicialmente várias. Há regras que permitem a qualquer peça no tabuleiro “eliminar” uma de sua “vizinha imediata” (uma peça que está numa posição adjacente horizontalmente ou verticalmente), pulando em cima desta. A posição alcançada é a posição vizinha da peça eliminada que se situa no oposto da posição de partida. Chamamos essa posição de destino de “vizinha não imediata” da posição de origem, por oposição à “vizinha imediata” de onde vai ser retirada a peça eliminada. A peça sendo retirada, o número de peças sobrando no tabuleiro diminui, e assim por diante até não poder mais jogar. É possível eliminar as peças uma por uma até sobrar uma só se jogar com táctica.

Enfim... não sei se é comum ou se somente eu uso por demais desse artifício, mas quando deito naquele divã, adoro uma bela de uma metáfora pra tentar entender o que se passa por dentro, por fora, na minha cabeça, na cabeça alheia... e até que tenho me saído muito bem com minhas possíveis conclusões metafóricas.
Acho até que nesse mundo, terapia era pra ser um negócio extremamente acessível a todas as pessoas. Acho quem em todo pré-natal deveria ter uma orientação aos pais, pra eles entenderem que a cabeça do guri que vai nascer num tem nada a ver com a cabeça deles e se tiver alguma semelhança é mera coincidência; coisa de educação dos grupos primários, a gente sempre carrega um pouquinho.
Terapia era pra ter não somente no pré-natal, mas em escolas, na igrejas e qualquer outra religião ou doutrina, no trabalho, nas grandes empresas; pra quando a gente botar o pé fora de casa saber onde tá pisando, pra se olhar no espelho e tagarelar um belo de um solilóquios que lhe renda alguma compreensão do que de fato somos.
Hoje me fiz tabuleiro ou pelo menos imaginei que há pessoas no mundo que encaram a realidade como algo lúdico e olham a gente como um grande tabuleiro.
Me fiz tabuleiro de joguinho resta um. E ainda modifiquei as regras, aqui é possível jogar de dois. Tu joga, eu jogo, tu joga, eu jogo...
Depois me fiz peça! Pula um e me tira. Me transformo noutra. Pulo um e te tiro. Se transformas noutra. Pula um e me tira... até que não haja mais estratégias nenhuma e no tabuleiro só reste apenas um.
E nessa de sumir e se fazer de novo; como quem se exauriu e depois se ergue novamente... há de ficar somente um. O “se” ou o “me”, não importa. Resta um!
Mas nessa brincadeira toda, o que eu realmente acho é que, na hora de compreender determinadas coisas é prazeroso demais utilizar uma bela de uma metáfora, principalmente no divã, já me fiz triturador, agora tabuleiro e consequentemente peça.
O fato é que: Somos reais! Palpáveis e aqui dentro tudo é sensitivo.
E é bom que àqueles que não deitam num divã ou sequer param a cabecinha dentro de casa - pra entender o dentro de si e o dentro alheio -, percebam que metáforas são sempre bem vindas, mas é preciso conceber que “gente” é como uma linha tênue para qualquer extremo.
É preciso parar de agir como se viver fosse um jogo! Talvez uma armadilha, mas não um jogo. A gente só cai se tiver de olhos fechados.

É preciso não esquecer que hora ou outra, vai ter sempre alguém cansado de brincar!

Porque “gente” por mais tênue que seja, “gente” se expande, “gente” cresce!

A gente sempre cresce...

dá o play minha "gente"

20.8.07

Me olhou e disse:

Moça bonita da pele branca.
Quero casar contigo e já te trago a aliança.
Contratei o padre e chamei toda a vizinhança.
É tempo de Netuno.
E colecionar boas lembranças.

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saga de Teresa

Chegou ao fim!
Teresa foi embora e deixou um bilhete num papel pautado escrito assim:
Amiga, estou partindo mesmo que de coração partido. Não há mais espaço para mim nessa cidade, cansei dessa gente que mal sabe de mim.
Vou prestar vestibular, trabalhar no shopping e alugar um quartinho.
Estou levando aquela TV dez polegadas pra assistir a novela das sete.
Decidi que agora só vou gostar de quem gosta de mim!
Cansei de ser tratada como adolescente ovelha negra; cansei do pagode e essa ruma de cerveja.
Vou para o interior mas vou viver feliz.
Lá não terá mais ninguém pra repetir:

Teresa, não brinca Teresa!

E se tiver, no fundo no fundo, saberei que é do bem a pessoa que diz.


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putaria

Vem meu bem, a gente passeia no meu quintal.
Subiremos no pé de limão.
Te mostrarei o azedume.
E me mostrarás o que é bão!

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diálogo cabível somente para o bom entendedor

- José, vou borrifar tuas cantadas, porque aprendi a dizer não!
- Vai o quê mulher?

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uma gota e nada mais

Nasceu pra ser infeliz, a pobre coitada.
Quando batizada, o padre clamou em voz alta:
- Seja protegida minha filha, pela água benta de nosso senhor Jesus Cristo!
E em todas as tentativas de respingados d’água, a menina se remexia toda, num alarido de incomodar o juízo.
A mãe batia fotos, ria do chororô da filha, só queria saber de congelar a imagem para quando crescesse, mostrar pra garota o escândalo dado no dia do batismo.
E esqueceu da água benta! Todos esqueceram da água benta...
Até o bendito do padre, cansado e com a batina suada, fingiu ter caído uma gotícula da água no rosto da menina, queria livrar-se dos serviços o qual é pago, sem qualquer esmero.
A família toda ali, vestidos de branco, achando lindo o chororô.
E se convenceram de que uma gota serviria.
Esquecendo que tanto futrico para uma simples foto, lhes renderiam um belo de um fustigado.
A menina hoje em dia é daquelas que nasceu pra ser infeliz a pobre coitada.
Confunde amor com rumor.
E vive de deletérios encarnados.
Quase como coisa de pele, num sabe?

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como é que chama o nome disso?

saudade é birra!

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soletrar feito matra

Meu povo, melhore!!!

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Meus queridos, felicidade tem cheiro!

dá o play

17.8.07


O silêncio das laranjeiras

A cada encontro que fazíamos, era como se fosse o primeiro; tudo revirava por dentro, o coração palpitava numa taquicardia quase infinita, faltava-me o ar.
Sentia uns embrulhos, como se meus pensamentos morassem no estômago e ali, vivessem numa briga quase constante.
Segurei na mão dela, temendo que percebesse o quão fria estaria a minha.
Caminhamos cabisbaixos, como se catalogássemos os nossos passos.
Um silêncio quase barulhento.
Sentamos debaixo da laranjeira onde tudo começou, onde trocamos os mais bonitos sorrisos; ali tinha uma sombra gostosa, um vento frio fazendo confundir o gelado da minha mão com o gelado de fora... me deixando um pouco mais tranqüilo.
Sentados e ainda de mãos dadas, ficamos remexendo nas folhagens secas, respirávamos o cheiro gostoso da laranjeira; de um jeito tão intenso que dava pra ter certeza que dali só havia de sair sumo doce.
E numa vergonha já um pouco destemida, nos olhamos.
Havia tanta estranheza naquele olhar, diferente do olhar que nos outros encontros serenara tanto amor. Tinham mudado.
E por desvelo, pedi que continuasse em silêncio e que não soltasse a minha mão, até que os rodopios no meu estômago e o meu coração aceitassem que aquela seria a última vez.

dá o play

16.8.07

bebida que dá um barato

Num como americano: duas pedras de gelo + uma colher de sopa de coca-cola + cerveja.

rá!

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Me olhou nos olhos e disse:

- Quero me mudar pro teu interior!
Sorri de lado, abri a porta...
Mas ninguém entrou.

--

felicidade anunciada

e recebeu um bilhete rabiscado:
vou te levar no meu barco,
remarei pelo mar dos extremos.
lá seremos felizes,
morreremos desse doce veneno.

--

esquisitices

Como pode mulher esquisita.
Carregar neste corpo
Alma tão destemida?

--

micro-conto
d.C.


- Receba o corpo de Cristo.
- Amém!


--

Preteriar?

Tão fria a pedra bruta.
Joguei no lago aquela aridez.
Coberta na manta.
Uma de cada vez.
Parecia pedra rompida
Inacabada.
Tão bruta e fria.
Que no mundo das pedras.
Deveria ficar calada.

--

saga de Teresa:

- Que foi Teresa?
- Nada... só uma gripe de lascar!
- Vixe... andou pegando sereno de noite foi?
- Não! Beijei quatro numa noite, gripei e ainda por cima dormi só.

- Teresa Teresa, não brinca Teresa!


--

Meus queridos, felicidade tem cor!

ainda em ritmo de festa anos 80: [será que alguém, por acaso achou o juízo de uma pessoa de um metro e meio jogado pelo amicis bar? caso encontre, favor avisar!] dá o play negrada!

13.8.07

Heidegger meu filho, você não teve infância não?

Né querendo agravar não, mas eu caí no abismo quase infinito da “finitude” de Heidegger e única coisa que eu posso dizer é:
Minhanossosenhora da filosofiadialéticametafísicamelancólica dessepovodoido.

Naaaaaaaaaaaammm... Ôp.taria!

--

saga de Teresa

- Teresa, eu disse que tu ia se apaixonar!
- ...
- Agora você me vem com esse chororô?
- Não fala assim...Me ajuda, por favor!
- Não tenho como te ajudar Teresa! Só quem pode solucionar algo é você!
- Como?
- Não sei! Mas eu te avisei que ele não valia nem um palito de um picolé pardal.
- Foi... Mas ele vai ver quem é o melhor palito nessa história!
- Teresa, não é na mesma moeda que se paga, vai agir feito ele? Cair na putaria?
- Vou! Nem que olhem para mim um dia e digam: essa aí num vale nem um palito de pirulito caramelo.

- Teresa Teresa, não brinca Teresa!


--

quando o tempo não é amigo.

As mensagens chegam em branco.
Num branco cor da saudade.

--

romantismo.

- Você é minha estrada!
- riririririririri...
- Aonde irei caminhar até o infinito.
- riririririririri...
- Vou colorir os teus ladrilhos.
- E eu vou ser teu caminhão e vou carregar em mim a frase: teu beijo é minha gasolina. Te amo meu nego!
- ririririririri...

--

.laços sanguíneos.

Fazia um longo tempo que não nos víamos.
Corremos uma ao encontro da outra, como nos filmes hollywoodianos.
E num abraço casto, cheio de calor e ansiedade, ficamos paradas por um bom tempo, e esse mesmo tempo podia se perder no calendário que ali tudo em volta era de puro esquecimento.
Me sorriu bonito.
Contou das coisas de lá, daquele longe corrosivo em mim. Que me tomas, que me tomas.
Do coração escorpiano cheio de posse, há tantos furos de flecha nele. Vejo em seus olhos, que brilham num lacrimejar quase oprimido.
Perguntei se havia recebido minhas curas em forma de beijos?
Me sorriu bonito de novo, como quem responde positivamente.
Saímos de mãos dadas, num ato de puro amor.
Trocamos mimos, eu, os que a deixa mais bonita.
Ela os que me confina e me alegra.
...

Hoje liguei para ela, cedo, bem cedo.
Pra falar do nosso encontro.
E dizer que tinha tido um sonho lindo!

Mais uma vez, ela me sorriu bonito.
Quase consigo ver...

--
rrrrrrrr.

E me abriu a porta num jeito arisco!
De súbito eu lhe disse:
- Não faça assim Carlos!
Aqui dentro está calmo!


--

ella

saudade, já!

--

Meus queridos, felicidade tem destino!

letra bonita. dá o play

9.8.07

.domingo.

O Padre, depois de orientar o garoto com um sermão confidencial dito no confessionário, perguntou:
- Já vai meu filho?
- Vou padre! E obrigada pelos conselhos!
- Use-os!
- Vou tentar!
- E você vai a pé?
- Vou!
- Vá com fé meu filho! Vá com fé!


--

saga de Teresa:

- Que cara é essa Teresa?
- Como assim que cara é essa? Culpa sua!
- Minha?
- É!
- O quê foi que eu fiz?
- Mandou eu tomar tento!
- E daí?
- Ô troço amaaaaaaaaaargo!

- Teresa Teresa, não brinca Teresa!


--

dicionário metafórico.

- Você já viu de pertinho uma borboleta voar?
- Já!
- Aquilo é que é leveza, meu bem!

--

Fechei os olhos, peguei todas as pedras que estavam em volta, botei assim, uma do ladinho da outra.
Cobri quatro com uma manta branca.
E ainda de olhos fechados vesti três com numa manta rosa.
Depois cobri duas com uma manta azul.
E por final, cobri uma com uma renda bege.

Ao abrir os olhos, me deparei com a pedra mais bruta coberta por todas as cores.

Há de ficar bonita!
Ou pelo menos sempre que eu fechar os olhos...

--

... é doida! De jogar pedra na Lua.

--

.embriaguez.

E se tivesse no mundo, chá de “apaziguaria”.
Eu até pagaria uma rodada pra galera!
Ou duas quem sabe...

E tenho dito!

--

Meus queridos, felicidade tem nome!

para a sexta-feira, dá um play dançante

7.8.07

segredo para viciados em saco bolha.

Depois de estourar todas as bolhinhas, não chore! Ainda resta uma solução infalível, que fará seu vício se perpetuar por mais um tempinho ou pelo menos até que você consiga adquirir um novo saco bolha.
Basta esticar o saco e sacudir no ar repetidas vezes, espera um tempinho e logo verás que uma grande parte das bolhas ficaram cheias de ar novamente, possibilitando novas onomatopéias de ploc ploc ploc...

--

amar, verbo intransitivo.
Não se conjuga!

--

.semente.

Enrolei meus fardos num pano branco.
Cavei um buraco fundo, bem fundo, capaz de ecoar até o barulho sutil da minha respiração.
Depois de ver a dimensão, num grito único que pareciam vários.
Joguei no buraco os meus fardos.
Tapei com a mesma terra retirada dali.
Cheirosa e úmida.
Depois reguei por alguns minutos, num ato quase de contemplação.
Na expectativa de semear alguma flor.
Mas disseram-me certa vez que de fardos só nasce dor.
E se uma rosa desabrochar.
É porque o fardo virou amor.

--

Ela olhou pra ele e disse:
- Quero cruzar tuas esquinas!
Ele lhe respondeu:
- Quero me perder no teu deserto!

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Arrêt là menina?

Soltaram o freio de mão!
Só sei que, vou canalizar a energia de Saturno para outros extremos.
Júpiter me fará mais firme.
Netuno não será ilusão.
Sol em leão.
Cinco planetas na casa de libra.
Energia agressiva de áries na casa nove...
Projetando, projetando.
Produção de todo bom virginiano bem na virada do dois ponto cinco.
E eu só posso dizer é que dessa vez ninguém mais me segura!

“Vou me embora vou me embora
vou buscar a sorte
caminhos que me levam
não tem Sul nem Norte
mas meu andar é firme
meu anseio é forte
ou eu encanto a vida
ou desencanto a morte...
[...]
Eu não espero o dia
pouco me importa
se o velho é sábio
se a menina é louca
se a tristeza é muita
se a egria é pouca
se José é fraco
ou se João é forte
eu quero a todo custo
encontrar a sorte.

Vou me embora vou me embora
e levo na partida
resolução no peito
firme e definida
quem vem na minha ida
ouve a minha voz
e cada um por si
e Deus por todos nós...”
[Paulo Diniz]


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Palavras tolhidas
São palavras vomitadas.

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Ainda não são nem dez da noite.
E já me bate um sono absurdo, mas sei que vou me deitar na cama de quase dois metros, vou abrir aquele livro envelhecido, vou pedir em pensamentos por saúde e paz para todos e vou bolar naquela cama por aproximadamente uma hora até que me canse pensar; até que me canse mapear o dia de amanhã.
As noites aqui têm sido de ventos fortes e frios, é o Setembro chegando. Faz um barulho meio assustador nas janelas.
Tenho tomado banho de água quente todos os dias [banho de água quente vicia] e não faz bem para o cabelo.
E estou aqui escrevendo escrevendo... e quando vejo que a besteira é muita, só me faz achar que é sono! Ou fome! Ou algo novo. O novo assusta!
Me lembrei agora do meu jantar de ontem, no meio daquela pracinha bonita e animada, comemos o famoso pratinho, saímos de lá felizes com cheiro do espetinho que estava sendo assado logo ao lado. Falávamos de projetos, literatura, da entrevista que demos à Tv O Povo. Ainda gosto muito de falar do livro amarelo, da semana, das meninas...

Ainda não são nem dez da noite e já estou com fome novamente.
Devorei a pouco uma tigela cheia de sopa e uma barrinha TRIO de brigadeiro [meu mais novo vício] como sobremesa.
E essa coisa recorrente só me leva a crer que eu devo clicar no "publicar postagem" e ir dormir!
Ou pelo menos deitar e bolar por uma horinha até que me canse... até que me canse...

e que os astros digam: amém!

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5.8.07

.meta.

Toda busca existe entre a realidade e o medo.

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Olhei para trás, as coisas derrubadas, o poema engasgado, os pós jogados ao chão, e pensei em como recuperar meu tempo perdido? E se eu pudesse girar os ponteiros do relógio e num piscar de olhos, fingir?
Fechei os olhos e me fiz onda, daquelas gigantescas e a avassaladoras.
Me fiz salgada, dessa vez não de lágrimas.
E me joguei.
Bonita, bonita.

Me esparramei no tempo, não de ontem, nem mesmo de hoje.
Num tempo de amanhã, rápido e discreto, como olhar para o mar e ver que cada onda se ajoelha ao vento, feito saudação.
E cada saudação se faz no tempo, num gesto gritante dizendo que cada tempo nunca é igual.

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.saga de Teresa.

- Eu avisei pra tu não te meter no meio dessa gente.
- Avisou, mas eu não dei ouvidos!
- Teresa, presta atenção Teresa, ali é campo minado, você vai acabar se machucando.
- Humpf...
- Teresa me escuta, sou tua amiga!
- Eu sei o que estou fazendo!
- Sabe nada Teresa, você não sabe nada, fez vinte anos tem 3 dias e quer bancar a sabe tudo...?
- Não fala assim comigo!
- Teresa toma tento!
- Tomo nada, a menos que tenha álcool!

- Teresa Teresa, não brinca Teresa!


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.do moço guru da minha racionalidade .

"Porém, igual a um homem que caminha solitário e na absoluta escuridão, decidi ir tão lentamente e usar de tanta ponderação em todas as coisas, que, mesmo se avançasse muito pouco, ao menos evitaria cair"

[Descartes]

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DIZ QUE ME AMA PORRA!


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2.8.07


.tritura.dor.

Dia desses eu achava que minha terapia estava sendo em vão.
Preferia mil vezes ir para o reiki, ficar deitada desbloqueando meus chakras, vendo gestalts violetas, azuis... Ou para acupuntura, ficar agulhas com enfiadas no corpo todo, dando aquela sensação de que você está sintonizada ao universo inteiro, como se ali fossem anteninhas ligando você às energias do mundo.

Mas aí com o passar do tempo eu percebi o “Q” da questão.
O grande lance da terapia é você chegar lá, pegar aquele emaranhado de gente que você carrega quando sai de casa, e fingir que aquela sala, aquela poltrona bege é um enorme triturador de carne, você joga todo mundo ali dentro, como se todos fossem um; mas antes você separa de um lado os com sentimentos bons, e do outro os com sentimentos ruins, do lado dos com sentimentos bons você coloca também os calmos, e ao lado dos com sentimentos ruins você coloca os doidos de pedra; junto com os calmos acrescenta os que entendem a essência do viver; e com os que acham que a vida é uma festinha e uma noite de muito entorpecentes que dão um barato, aglomera junto com os doidos de pedra.
Depois de dividir os grupos, você joga o primeiro grupo no triturador, o grupo do bem. Vai moendo moendo...
Não esquece.
São carnes!
Mói, mói...
Depois de moer, separa o prato, e num outro, mói o outro grupo, os que eu chamaria de grupo do mal. Feito coisa e criança quando diz "fulaninho é do bem, sicraninho é do mal". Porque quando a gente cresce tem de manter algumas coisas, por pura prevenção.
Ao finalizar a trituração de tanta gente, você pega os dois pratos, coloca um perto do outro e faz uma certa análise, pode até sentar e botar a mão no queixo, sem pressa, não estraga. Um dos dois pode ter virado uma bela pasta, que basta comprar trigo ela fica digna de um delicioso quibe cru, chique feito comida árabe, pra ser servida com limão, cebola, nada ali há de azedar o paladar.
E o outro prato fica só naquela pasta avermelhada e ensangüentada.
E que se não for para um quibe gostoso, não serve para quase nada, pelo menos pra mim, que ao contrário da Macabéa...
Eu detesto cheiro de carne!

Mas tudo é uma questão de ponto de vista ou paladar...
Há quem goste do cru da carne!


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Ahora, yo estudio español.

rá!

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Comprei um pé de arruda, para substituir o outro que faleceu devido a overdose de energia torta que andou entrando por aqui.
E se for o caso, vou passar a temperar a comida com umas folhinhas da mesma, como se fosse manjericão.

E tenho dito!

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arrêt là menina.

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saga de Teresa.

- Teresa, pelo amor de Deus, vai devagar mulher, assim tu vai ficar falada.
- Vou nada!
- Vai sim!
- Que nada, segundo a filósofa contemporânea Penélope da MTV, “a fila anda...”

- Teresa Teresa não brinca Teresa!


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Oh meu Santo Agostinho!
Vídeo, sed non invideo.

dá o play negrada!

31.7.07

A pedidos, republico o conto:
Uma saudade chamada Arlequim

Depois que mamãe faleceu, resolvi vasculhar suas coisas; encontrei fotos lindas e um grande diário. Como se não bastasse ter tomado um susto ao ver que ela escreveu escondida até os seus oitenta e quatro anos, achei junto de toda papelada, esse texto:
Ontem foi o meu aniversário de oitenta anos e todos vieram para minha casa no interior onde nasci; meus filhos, noras, genros, netos e até bisnetos. Reuni toda a família naquele fevereiro.
A cada dia que passa parece que eu ganho mais um par de rugas no rosto, já não enxergo as coisas direito e ando cada vez mais devagar; mas nesse mesmo aniversário ganhei uma bengala e só Deus sabe como foi difícil aceitar aquele pedaço de madeira fino suportando um peso que nem eu mesma agüentava e continuo não agüentando.
Aquele foi um aniversário diferente; a festa foi grande, bonita e mesmo sem o meu consentimento, minha família decidiu comemorar com uma festa carnavalesca, como as que eu freqüentava quando era mais nova. No começo achei uma idéia ruim, mas depois fiquei achando que essa era uma boa oportunidade para os meus netos conhecerem o verdadeiro Carnaval; até porque se eu dissesse que não queria, naturalmente não aceitariam minha opinião. Pois chega uma certa idade em que velhos, como eu, não têm mais opinião.
Até quis ajudar na decoração, na cozinha, mas já não tenho forças pra essas coisas, então fiquei vendo os preparativos sentada em minha cadeira de balanço, onde vez em quando me pegava cochilando mesmo sem querer.
Era um vaivém danado de gente, meus netos corriam para um lado e para o outro, bagunçando tudo que minhas filhas e noras tinham arrumado. Cansada de ficar sentada, resolvi ir dormir em meu quarto, mesmo sabendo que meu marido estaria ouvindo aquele rádio antigo numa altura insuportável; coisa que o tempo faz acostumar.
Dormi por algumas horas e quando acordei já era noite. Tomei um banho, coloquei um vestido de corte reto que meu filho mais velho me deu alegando que quando a gente fica velho, deve usar essas coisas sem curvas que cobrem o corpo inteiro pra parecer decente na missa de domingo. Penteei os cabelos, despejei um pouco de lavanda e mesmo com minha mão trêmula, passei um batom bem clarinho que eu já não usava havia um tempo. Acho até que estava passado, mas naquele dia nada importava, só aquela estranha vontade de colocar uma fantasia de Colombina, umas purpurinas no rosto e um batom avermelhado. Não era um pensamento ou uma vontade imoral, só eu sabia que era um sentimento nostálgico, apenas.
Ao chegar na varanda, me emocionei com um lindo salão de festas, serpentinas penduradas, máscaras feitas de papelão coladas nas paredes e todos eles fantasiados bem ali na minha frente. Me vi entre piratas, bailarinas, palhaços, odaliscas e ciganas.
Naquele momento, perdi o fôlego. Mas aquilo não se tratava de um mal-estar qualquer de gente idosa; havia uma emoção diferente dentro de mim, que eu não sabia ao certo o que era. Me quedei sentada na cadeira de balanço enfeitada com tiras de todas as cores e fiquei observando aquele Carnaval, quase do mesmo jeitinho de quando ainda havia energia em meu corpo e minha pele era uma tez, de quando meus pés pareciam não obedecer ao meu cansaço e todo mundo se divertia naquela grande brincadeira.
Meus filhos colaram fotos grandes do tempo em que eu me escondia atrás das máscaras e tudo era dança. Fotos minha e do meu marido, eu de Colombina e ele de Pierrô. Todo Carnaval nos vestíamos dos mesmos personagens, que era pra não esquecer jamais de que foi no Salão Folia que nos conhecemos, que aceitamos as nossas vontades de sermos namorados e, anos depois, marido e mulher. Essas lembranças eram sempre mais nítidas quando chegava Fevereiro, quando estávamos vestidos eu de Colombina e ele de Pierrô, quando era Carnaval.
E no meu aniversário de oitenta anos, como se já não bastasse a grande festa que de certa forma me proporcionou uma alegria enorme, ele, meu marido, escondido atrás da porta, gritou com aquela voz rouca de velho sem força, pedindo que tocassem a música. Continuei sentada em minha cadeira de balanço, já que a velhice não me permite muito movimento.
E bem alto, nas caixas de som apoiadas ao lado da mesa, começou a tocar:
"Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
O arlequim está chorando pelo amor da colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrot
Que te abraçou
Que te beijou meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade...
Vou beijar-te agora, não me leve a mal
Hoje é carnaval..."
De repente lá vem ele, vestido com a fantasia de Pierrô e também com uma bengala na mão facilitando os passos lentos, os óculos recostados na ponta do nariz e um sorriso que nem mesmo as rugas escondiam. E mesmo assim, com toda aquela homenagem, com todo aquele Carnaval, a minha saudade era outra. Saudade que por tantas vezes fora esquecida ou até mesmo escondida em mim. E apesar de estar perto de toda a família, comemorando um dia que era só meu, sentia que muito embora o tempo me tivesse roubado tão boas lembranças, naquele aniversário, minha saudade tinha um outro nome e vestia um outro costume. Minha saudade circulava o salão por tantos carnavais fantasiado de arlequim.


e pra deixar mais bonito.. dá o play