28.3.11

Dia 26 de março de 2011,
acordei na madrugada com a pesada notícia, e o que fiz foi tentar deixar que as saudosas lembranças crescessem em mim e que me dessem uma pitada de alegria.

Nós da família Cavalcanti, da família Souza Bruzugu, da família jipeiros e amigos, fomos presenteados por ter tido o Dedé em nossas vidas.
E aceitar esse descanso com o peito mais calmo,
é sentir o cheiro gostoso de um acarajé e lembrar dele.
É tomar um café da manhã no mercado.
Contar uma estória engraçada.
É pular livre em um açude gelado.
Preparar um bom churrasco para os amigos e familiares.
É se lambuzar de lama empurrado um carro atolado.
Lembrar dele é tomar uma chuveirada gelada no quintal de casa.
É molhar o pão numa sopa quentinha,
É dormir sentado.
Parar no fim da tarde pra assistir o jornal.
Remendar os fios de um telefone pra distrair as angústias.
É ouvir qualquer absurdo de um jeito bem calmo.
É viajar de carro conhecendo cidades.
É curtir Fortaleza, Bonito, Bolívia, Peru...
Lembrar dele é segurar firme o volante de um jipe e subir montanhas, descer buracos.
É aventurar-se!

Lembrar dele é também cantar bem alto
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vão levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar


É deixar que as velas levem as mágoas, as dores, a saudade e que todos os bons momentos sejam lembrados ou revividos com muita, mas muita alegria.

Vai Dedé, segura essa vela com a mesma firmeza que você segurava o volante de um jipe e vai ser feliz, que isso você sempre soube fazer.

[dedicado a Demóstenes Cavalcanti, tio "Dedé"].

3.3.11