29.7.08

deixou um bilhete com letra trêmula quase ilegível:

Há temores que moram na ponta do lápis; marco um X e elimino um, e outro, e outro e...
Os dias sempre renascem!
Tão logo abrirei a janela e lá estará Agosto, o apreenssivo da vez; mês sonso para todo virginiano passível do verbo debandar; trará Marte pra iniciar uma guerra interna, senão, nietzscheana. Arrancarei meus eus e minhas cascas com a ponta da unha, levemente, até que surja o rubro do sangue pra fazer jus a cor do planeta.
Energias perturbadoras rasgando entranhas. Pequenas projeções.
Durmo, durmo, durmo, numa sonolência coberta de fraqueza e desgostos; se me vissem sentiriam um sabor asco na boca. Repulsa!
Não, não me olhe! Sou apenas uma projeção inacabada ou acabada por completo. Não me olhe!
Hoje me dissolvo no conta gotas do tempo.
Quando Agosto estiver por ir, logo abrirei a janela, e lá estará o sol, lembrando ipês e laranjeiras, Setembro sempre me lembra cores quentes.
Me cobrirei com a haste de trigo e foice, e eliminarei o tempo com mais um X; embrulharei num papel rosado - disseram-me certa vez que rosa é a cor do perdão - e o levarei comigo, numa atitude mútua, aonde quer que eu vá, para que não deixe o tempo no vácuo.
Na vida, nem tudo se paga com a mesma moeda!


BG com letra que complementa o post. dá o play na seta!


27.7.08

Há em mim fases transeuntes.
Algumas desorientadas,
Outras mapeadamente organizadas,

E todas absurdamente passageiras.


dá o play na seta!

24.7.08

Repouso, quase sempre sem cansaço algum; deito, olho para o teto, um bege tão bege que enjoa, um tanto vertiginoso.
Penso no tempo às vezes tão fugaz que mal consigo demarcar o amanhã; hesito proceder meus pensamentos, fugitivos ou covardes e convenço-me que fazem parte de um limiar aluncinatório, procedo.
Crio idéias, mapeio, sonho, tão nítidos que mais parece uma película rodando lentamente, se me vissem notariam um sorriso, daqueles que surgem no canto da boca.
Tento tatear as cenas, sentir os gostos, os cheiros diversos que o vento me traz.
Puf!
E lá está o teto, um bege cada vez mais bege.
Hesito proceder...
O tempo é malevolente.

Que temo!

dá o play na seta!

18.7.08

a vida é como massas de modelar

infeliz aquele que é maleável!

ok, isso aqui tá muito blog de filosofia barata que num cabe nem em mesa de bar; vida pra lá, vida pra cá... eu sei!
dá o play na seta!

13.7.08

a vida é como uma moeda girando no chão...
cara, coroa, cara, coroa, cara, coroa e um punhado de sorte pra que ela não caia no ralo.

dá o play na seta!

8.7.08

10 coisas para um dia feliz

1 – leite e cookies
2 – gatos
3 – cozinhar
4 – receber cartas
5 – internet
6 – papel maché
7 – chocolate
8 – dengo
9 – vinho em casa
10 – edredom


a música entraria como décima primeira. dá o play na seta!

7.7.08

Eis que no desespero, a gente se pega preenchendo cadastro de currículos on line, aqueles que duram hoooooooooooooras e que tem até limite de tempo para preencher, parecendo mais uma gincana virtual ou uma corrida contra o tempo, literalmente!
Pensei: que ridículo!
Mas respirei fundo e comecei a corrida.

Depois de perder minha tarde de domingo quase toda tentando lembrar o endereço de onde terminei o segundo grau [achei desnecessário isso, mas tudo bem!], consegui terminar a tempo!

Logo recebo um e-mail confirmando cadastro e um “mini relatáorio” descrevendo o meu perfil, vejam:

Como se comunica Luana Cavalcanti?
Luana Cavalcanti apresenta um estilo de comunicação em que a precisão e a troca objetiva de dados e informações assume um papel importante. Ela tende a preferir conversar sobre temas concretos em suas interações, sem grandes envolvimentos emocionais. De fato, essa orientação para detalhes e exatidão tende a se refletir numa postura menos confiante pois Luana Cavalcanti procura sempre verificar o resultado de suas análises, buscando, tanto quanto possível, evitar erros.
Ao interagir com seu grupo, Luana Cavalcanti procura obter apoio e guiar-se pelas normas e procedimentos de seu ambiente, refletindo uma certa dependência de seu meio e lideranças, aceitando e aliando-se às idéias deles. Isso costuma facilitar sua aceitação e sua interação na equipe.

Seu maior talento: Incentivar
Este Talento gosta de desafios que envolvam o mistério, o desconhecido e necessitem ser pesquisados, desvendados e recriados. Ele acredita que para tudo existe uma explicação e vai juntamente com outras pessoas buscá-la onde quer que esteja. Na ciência, na religião, nos livros ou no meio ambiente, estão os mistérios esperando por alguém que deseje decifrá-los. Perfeccionista, lógico, sistemático, sua busca se torna incessante até que consiga satisfazer a ansiedade por conhecimento que o devora. A cada descoberta feita novas conexões se formam em sua mente, apresentando novas formas. Não interessa se elas vierem a ser úteis, práticas, aproveitáveis ou não. Esta busca possivelmente se dará em conjunto com outras pessoas. O que interessa é que os questionamentos que burbulham na sua cabeça possam ser resolvidos. Ele tem capacidade de se concentrar e mobilizar pessoas. A persistência dos incansáveis que não temem recomeçar e a metodologia dos que desejam alcançar seus objetivos.

E mais uma vez pensei: geeente, a pessoa que escreve um texto desses tá perdendo uma grande chance de virar escritor de livro de auto-ajuda, seria um best seller. Ou no mínimo viraria guru, pai de santo, cartomante; aquele povo que vai falando bobagem e a gente respondendo com onomatopéias de humrum, humrum, humrum...

Bom, essa sou eu e-talent segundo a vagapontocom. Contrate-me!

tsc tsc tsc...

dá o play na seta!

4.7.08

.meta.mofo.vozes.mefamorfoses.

Ontem quis deixar minha unha crescer, hoje não mais!
Tinha combinado comigo mesma que compraria um esmalte cor de café; eu sempre quis pintar minhas unhas com esmalte cor de café ou pelo menos até ontem; subiria dois quarteirões, levaria na manicure pertinho aqui de casa e deixaria a felicidade me dominar por completo, só por estar levando o meu primeiro esmalte para o salão - eu sempre achei muito independente as patricinhas que levam seus próprios esmaltes para o salão, não que eu queira ser patricinha, mas eu queria muito ser independente -. Faz tempo que não me presenteio com um dia de manicure e pedicure, adoro ter que deixar meu pé de molho e folhear revistas de fofoca enquanto escuto Beach Boys; esvaziaria minha cabeça de toda filosofia pessimista, teorias da comunicação, esqueceria por um momento o Marc Augé e todo a solidão existente nos não-lugares, e cultivaria uma alegria genuína, arrancaria um sorriso e... e... quase consigo ver!
Mas mudanças são efêmeras, às vezes mentirosas e descompassadas, feito gente, gente é uma inifitude de máscaras e excessos, gente é como eu sempre digo, é uma linha tênue para qualquer extremo, é um abismo de segredos, nós cegos, gavetas empoeiradas e breus.
Hoje me agarro em verbos preguiçosos, porque hoje cansei de ser gente, queria ser uma pedra num bairro decente de Paris, ou escolheria dormir durante dias e mais dias, mas dormir deixa a gente lento, senão, esquecido.

E antes que eu me esqueça, continuo sendo gente, passível de mudanças, efêmeras ou não. E antes também que amanheça, vou ali comprar meu esmalte, porque como eu sempre digo:

Eu retrocedo!

dá o play no beeeeeeach boooooys!

1.7.08

Quando o amor tinha apenas uma consoante e uma vogal

Eram hiatos quase ditongos.
De um verde tão verde
Que na noite escurecida,
Se perdia num verde quase breu.

Uma vela amarela nunca acendida,
Ocasião que já morreu.

Tinha cheiro de andiroba.
Gosto de sono,
Sinal de abandono,
Gestos de preguiça,
Onde a saudade se perdeu.

Amor solúvel,
Volúvel,
Nasceu.

Novos cheiros de andiroba.
Cores bem amarelas,
Tão amarela quanto o dia que amanheceu.

Uma vela vermelha,
Chamas acesas,
Dançam ao vento,
Num tempo que não se esqueceu.

São oxítonas as palavras de amor.
Feitas de aquarela,
Posta em jarro a flor.
Esquecidas na parede branca,
Onde tudo ficou.
De um branco tão branco
Que causa rumor.

São os sonetos do peito
Que batem agudos,
Vastos
E confusos.

Têm gosto de sono.
Possível abandono
E distância de céus.

A vida de riscos
Do verbo arriscar.
Papel reciclado,
Borracha ao lado.

Caneta azul
De um azul lealdade.
Escritas sem linhas,
Rabiscam palavras
Que soam saudade:

Quando o amor tinha apenas uma consoante e uma vogal.

as rimas poooobres. dá o play!