22.2.09

A gente até avisa das muitas manias, do mau-humor que surge às vezes do nada, do que é passível de mudança e tudo aquilo que não é!
E se mesmo assim me sorri alargado,
A gente acaba entendendo o que é sentimento selado.

dá o play na seta

3.2.09


Carta para um amigo
Caio, eu escreveria um livro aqui, não pelo qualidade do conteúdo mas pela quantidade e acúmulo de informação e novidades.
É ano ímpar com gosto de par; ano de sol, de realizações e ótimas energias para as tão sonhadas conquistas. É preciso usar e abusar delas.
Amigo, estou em território cearense. Não era tempo para retornos, não agora! mas às vezes a gente antecede o destino e atropela algumas coisas não é?! Nem sempre a hora que julgamos certa é a bendita hora do peito.
Eu leio tuas palavras em voz alta, feito mantra: "Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé- não sei se em mim, se numa coisa que chamaria de justiça-cósmica ou a-coerência-final-de-todas-as-coisas. Preciso agora da tua mão
sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir.
Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo
no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu
não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor. Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre." E finalizo com uma frase bem kardecista: “que assim seja!

Somos e seremos eternos aprendizes.
Já tem quase um mês que estou aqui e hoje eu conto nos dedos os amigos que revi , sigo num corre corre de médicos e auxílio aos meus velhinhos. Mas sei que os demais vão entender caso eu retorne ao meu casulo e não tenha tido oportunidade de revê-los. A vida é mesmo esse vendaval de circunstâncias inesperadas. Mas o ano começa transbordando em alegria, aprovação no mestrado em Comunicação [sim, eu retrocedo!] e coração preenchido. Estou feliz com as mudanças e possibilidades.
Tenho uma gata que me ama, roommates que sinto muita saudade, um quarto que agora vai ganhar cortinas e mural para colar fotos de amigos e família, par para cinema e degustação de receitas novas.
Felicidade é esse bololô de coisas simples e eu prefiro assim!
Tenho pensado muito ultimamente, em mim, nos outros... às vezes chega a doer a cabeça, pensamentos de peso. Há coisas sociais, outras absurdamente internas, mas as sociais têm me aflingido muito, já que não esnobo a alegria de cá. Essa coisa de crise econômica, aquecimento global, o mundo se acabando em água e câncer... É Caio, às vezes eu tenho medo de acordar!
Mas como eu sempre digo: é preciso viver pra humanizar e tenho dito!
Estar em Fortaleza agora me deixa um tanto rebelde e impaciente, indiferente também, há um certo desencanto e o que me dói é ver toda aquela paixão que eu tinha pela cidade evaporar numa nuvem cinza de símbolos e representações... talvez um dia eu retorne pra sempre, numa necessidade de construção, de muros e escadarias iluminadas. O fato é que retornar à um lugar e perceber que nada mudou e o que mudou foi para algo negativamente pior, me deixa extremamente indignada com a vida. Eu preciso evoluir Caio, a gente precisa estar sempre em processo de evolução ou metaforicamente ficaremos acimentados ao chão. Me imagino Kafkaniamente Gregório, metamorfoseando, barata ou não, acho que tudo tem por obrigação mudar, movimentar-se... "Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia..."
Eu sei, tornei-me exigente demais, geminiana talvez. Já nem choro mais em filmes de drama. É saturno em seu bendito retorno, mas eu aprendi a me esquivar das rasteiras cósmicas. E você Caio, virginiano como eu, há de convir que o mundo é muito verde e se não procurarmos um facho de luz, a gente se acaba feito bicho dentro de fruta podre, de fora a casquinha brilha num suposto amareloavermelhado, mas dentro o fruto padece.
Pois, chega de tanta amargura! Há frutos com muito sumo, eu sei.
E deles que busco saciar minhas sedes e como você mesmo diz:

Que seja doce!


Saudades amigo, da tua Luana.