29.9.08


Gato, bicho que muda a Gente
Debruço-me em livros, pasmada com a delicadeza incandescente e sutil benjaminiana.
Uma noite de temperatura indecisa, onde os cantos mais escuros da casa me faz pensar que ainda há inverno.
É domingo de quase segunda-feira e os vizinhos brigam incontrolavelmente.
Na minha janela não há cortina, pendurei uma manta brega pra tapar a luz do sol quando o dia chega. Prefiro dormir no escuro! Por mais inverno que pareça.
Abri a janela pra visualizar a discussão da vizinhança, porque “a curiosidade matou o gato!”
E por falar em gatos...
Há uma gata roçando em meu pé!
Os gatos são misteriosos feito gente.
Gente é um poço de dualidade, de inércias e agitações às vezes sem rumos, perdidas nos abismos internos.
Há situações que gato é como gente, gente é como gato e gato é melhor que gente.
Pois gato é bicho sabido, mais sabido que gente.
Porque gato vê a alma,
E gente é de uma cegueira contagiante.
Gatos são indiferentes por natureza.
Gente também!
Os gatos são egoístas e egocêntricos sem modéstia alguma.
Gente, por mais natural que seja, cobre toda essas características com uma máscara, camuflando a verdade como em tempos de carnaval, e brincam, ainda como se fosse carnaval.
Gatos são carinhosos quando querem.
Gente, às vezes nem quando devem.
Gato é bicho desconfiado e malino silencioso.
E gente só é malino silencioso, quando desconfiado.
Os gatos quando estão com raiva, viram bichos ariscos e armam um bote.
Gente, quando tem raiva fica arisco também e vira bicho, como os gatos.
Gato é quieto de dia e ativo de noite.
Gente é uma oscilação de ações que confundem até gatos.
Gato supre a falta de gente.
Mas tem gente que não supre a falta de um gato.

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26.9.08

paisagens dos sonhos segredam o tempo.
desgelam desejos,
se perdem no vento.
eu, flâneur dos meus pensamentos,
olhava tudo em volta.
os prédios, as ruas, os ladrinhos,
as folhas secas deitadas na
solidão da rua sem saída.
adentrava volátil o labirinto adiante,
"une femme passa, d'une main fastueuse,
soulevant, balançant le feston et l'ourlet".
eu, pensava na leveza das coisas abandonadas para trás;
há de ter beleza a efêmera presentificação.
roubava umas pedras, tateava as árvores;
enumerava as texturas de um só tronco de árvore.
e de repente, a cidade padece em silêncio.
guarda mentiras sinuosas,
verdades obscuras.
felicidades adormecidas em pêndulos parados.
paisagens oníricas desfalecem na curva mais próxima.
agora, eu, flâneur dos seus pensamentos.
observo tudo com mais nitidez,
um renascer indizível.
sou rei do meu caminhar.
mergulho sem medo no infinito das consonâncias.
te procuro errante nas ruas acultas.
onde andarás?
onde andarás?
inefável sensações tomam meu reinado,
roubam minha coroa,
estraçalham meu trono.
desaguo no mar de mistérios,
fecundo minhas interrogações.
antes que mais uma vez o sono debruce num sonho de saturno,
te procuro errante na fragilidade das noites.
onde andarás?
onde andarás?
agora, degredado em desejos,
tenho somente a cidade ao meu redor
.


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19.9.08

10 coisas para um dia feliz

1- ipês
2- correr escutando hot chip
3- internet pra romper distâncias
4- pensar num flâneur virtual
5- sair pra dançar em plena quinta-feira
6- cerveja suja
7- chuva de granizo, trágica mas linda!
8- jogar can.can
9- andar de patins
10- dormir no escuro


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5.9.08

pensamentos são como um caleidoscópio.
cada movimento, uma figura diferente.

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2.9.08

. dois ponto sete .

três de setembro de dois mil e oito, mês excepcionalmente de sol e mercúrio na casa cinco.

tendencioso de muitos sorrisos

rá!

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