26.9.08

paisagens dos sonhos segredam o tempo.
desgelam desejos,
se perdem no vento.
eu, flâneur dos meus pensamentos,
olhava tudo em volta.
os prédios, as ruas, os ladrinhos,
as folhas secas deitadas na
solidão da rua sem saída.
adentrava volátil o labirinto adiante,
"une femme passa, d'une main fastueuse,
soulevant, balançant le feston et l'ourlet".
eu, pensava na leveza das coisas abandonadas para trás;
há de ter beleza a efêmera presentificação.
roubava umas pedras, tateava as árvores;
enumerava as texturas de um só tronco de árvore.
e de repente, a cidade padece em silêncio.
guarda mentiras sinuosas,
verdades obscuras.
felicidades adormecidas em pêndulos parados.
paisagens oníricas desfalecem na curva mais próxima.
agora, eu, flâneur dos seus pensamentos.
observo tudo com mais nitidez,
um renascer indizível.
sou rei do meu caminhar.
mergulho sem medo no infinito das consonâncias.
te procuro errante nas ruas acultas.
onde andarás?
onde andarás?
inefável sensações tomam meu reinado,
roubam minha coroa,
estraçalham meu trono.
desaguo no mar de mistérios,
fecundo minhas interrogações.
antes que mais uma vez o sono debruce num sonho de saturno,
te procuro errante na fragilidade das noites.
onde andarás?
onde andarás?
agora, degredado em desejos,
tenho somente a cidade ao meu redor
.


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