19.6.07




Porque eu imaginava o nosso mundo, como uma grande tela branca.
Onde poderíamos pisar descalços na tinta, e na tela pintar em pequenos passos tudo aquilo que rodopiava por dentro.
Como os quadros mais clichês que existem.
Porque amar é tão simples como uma pincelada.
Nós tínhamos sidos premiados; aquele mundo era todo nosso e branco.
E pintaríamos com os nossos pés, passo a passo, calmos ou apressados; porque às vezes o amor não espera.
Poderíamos escolher as cores, passear descalços e em vários tons, em degrades e sombras vibrantes.
Pintaríamos o nosso mundo com uma dança.
Seríamos melhor que Cézanne.
Segurando um na mão do outro, para evitar escorregões e ferimentos.
Eu havia prometido que nesse mundo pintaria nossa felicidade de azul.
E percorreria ele todo, ponta a ponta.
Dançaria nele, com você, um bolero para traçados mais finos.
Um samba pra colorir na nossa tela a alegria que existia.
Eu prometi ao amor uma bela arte.
Cheguei a dizer aos amigos que seríamos um quadro totalmente expressionista.
Daquele que as pessoas apreciam e sentem uma fisgada no peito, daqueles que é feito cisco no olho.
Seríamos dignos de uma bela moldura, grande e dourada.
Mas o azul acabou.
Passou pela escala do azul escuro, marinho, ciano, clarinho, até que chegou num branco.
Que de tão branco se confundiu ao branco da tela.
E como o amor não espera
Nela se perdeu.

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