4.7.08

.meta.mofo.vozes.mefamorfoses.

Ontem quis deixar minha unha crescer, hoje não mais!
Tinha combinado comigo mesma que compraria um esmalte cor de café; eu sempre quis pintar minhas unhas com esmalte cor de café ou pelo menos até ontem; subiria dois quarteirões, levaria na manicure pertinho aqui de casa e deixaria a felicidade me dominar por completo, só por estar levando o meu primeiro esmalte para o salão - eu sempre achei muito independente as patricinhas que levam seus próprios esmaltes para o salão, não que eu queira ser patricinha, mas eu queria muito ser independente -. Faz tempo que não me presenteio com um dia de manicure e pedicure, adoro ter que deixar meu pé de molho e folhear revistas de fofoca enquanto escuto Beach Boys; esvaziaria minha cabeça de toda filosofia pessimista, teorias da comunicação, esqueceria por um momento o Marc Augé e todo a solidão existente nos não-lugares, e cultivaria uma alegria genuína, arrancaria um sorriso e... e... quase consigo ver!
Mas mudanças são efêmeras, às vezes mentirosas e descompassadas, feito gente, gente é uma inifitude de máscaras e excessos, gente é como eu sempre digo, é uma linha tênue para qualquer extremo, é um abismo de segredos, nós cegos, gavetas empoeiradas e breus.
Hoje me agarro em verbos preguiçosos, porque hoje cansei de ser gente, queria ser uma pedra num bairro decente de Paris, ou escolheria dormir durante dias e mais dias, mas dormir deixa a gente lento, senão, esquecido.

E antes que eu me esqueça, continuo sendo gente, passível de mudanças, efêmeras ou não. E antes também que amanheça, vou ali comprar meu esmalte, porque como eu sempre digo:

Eu retrocedo!

dá o play no beeeeeeach boooooys!

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