16.10.08

Solidão era:
Um apartamento.
Alguém.
Um gato.
Vazio?
Som ligado bem alto.
Vinho.
Contemplável.

Solidão é:
Um apartamento.
Alguém.
Um gato.
Cheio!
Som ligado bem baixo.
Ausência de vinho.
Indesejável.

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Subiu a escada em passos tipicamente preguiçosos, um tanto atordoados também.
Cabelo rente e pele branca avermelhada do sol.
Sentou-se para ler Foucault. Parecia abusado; a testa franzida quase pedia que nos dias calorentos fosse proibido ler Foucault.
Eu, cabelo amarrado, pele branca avermelhada do sol, debruçada em teorias do cotidiano e suas narrativas.
O quê seriam das narrativas do cotidiano senão isto?
Era a segunda vez que eu e o via. Hoje, numa blusa listrada branco com azul clarinho, coçava a cabeça, abanava-se irritado, bufava o calor, desviava a concentração olhando constantemente o relógio...

Eu o observava com olhos de Netuno, quase lúdico.

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Ansiedade é roer as unhas até que surja um gosto de ferrugem na boca.

dá o play na seta!

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