2.11.08

Era uma manhã de sábado bonita, tinha chovido na noite anterior [fazia tempo que não chovia daquele jeito aqui, os raios clareando a noite, uma cena assustadoramente linda], a Av. José Cândido coberta de um verde que tinha até cheiro. Do lado direito da pista, as montanhas se escondiam numa beleza típica belo horizontina. Quase paro a caminhada só pra apreciar...
Mas apressei os passos para ver o que tinha mais e mais adiante, mesmo com o joelho pedindo arrengo, só pra ter por mais um tempo a paisagem que se cobria no azul amarelado do céu.
Me senti tão sadia naquele sábado, aliás, eu sempre me sinto mais viva quando caminho também nos finais de semana, penso logo nos games tipo super sonic, quando estamos buscando mais e mais argolas e quanto maior a quantidade, mais vida eu ganho.
Depois, tive ânimo para preparar um almoço farto quando se pensava que a geladeira era de um todo vazio. Leituras espanholas no meio da tarde, musicas e planos de cinema de graça num bairro bonito de Belo Horizonte.
Santa Tereza tem uma energia ímpar. E sair de casa pra ver filme de graça deixa qualquer pessoa feliz; teve jantar premiado, brigadeiro e toda a vida dos mutantes na tela grande pra deixar a gente pasmado.
Na volta, num quase domingo, o sábado se quebra como um cristal frágil, quando nos deparamos com um jovem perturbado, amedrontando e pedindo tudo que tínhamos de valor. Num instante, me cobri numa impotência que mais parecia cena de filme ou até mesmo um pesadelo.
Pensei em correr, mas em questões de segundos achei que seria feio demais morrer por causa de uma bolsa e, eu tinha que entregar minha bolsa!
Dentro dela ele levava o meu mundo.
Mas de todas as coisas que para ele seriam de muito valor, como cartões de crédito e celular, mp3... o que mais me doía era pensar que desse meu mundo, ele levaria de mim duas das pedras que me sustentavam desde um domingo de um ano ímpar, de um passado amargo quando percebi que na vida tudo é frágil como os cristais e que é preciso ter tato para não deixar que as coisas - amor, pessoas e estórias - se quebrem com tanta facilidade.
E meu domingo amanheceu dopado, sem alma e sem esperança - exatamente como naquele domingo aqui citado, [e tomo isso como um grande sinal], pois as minhas esperanças estavam guardadas num porta niquel vermelho que eu levava na bolsa e me sentia protegida como os escudos que conseguimos também nos games.
Minha força era bruta como toda turmalina negra e minha esperança singela e de um lilás clarinho, como toda ametista.

Agora, esse domingo quase segunda-feira vem finalizando com uma boa lembrança, porque no mesmo ano ímpar em que ganhei as pedrinhas, disseram-me: quando for a hora de não precisar mais das pedras, elas darão um jeito de se perder de ti e irão parar nas mão de alguém que precise delas.

Pois, que assim seja!

dá o play na seta!

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