20.5.07


.sunday.
Era um domingo de versos estranhos e gostoso, não soava monótono ou sequer preguiçoso, e foi naquele domingo de pães quentes pela manhã que decidi botar uma trilha nova na minha vida, a cada passo dado aperto o play.
Toca uma bossa para noites estreladas, vento assoviando ao ouvido.
Um samba pra cantar o de dentro, bater os pés sem pretensão.
Música romântica pra apertar o peito, pra dançar no salão da casa sete.
Naquele domingo, passei o dia sorrindo para o nada. Como quando sabemos que a felicidade que cobre é de um branco que reluz.
Saí andando pela calçada, chinelos de cor preto; sentei no café que fica aqui pertinho. Levei Descartes comigo e suas paixões da alma. Bom saber que "a esperança é uma propensão da alma de que ocorrerá o que deseja, e que é causada por um movimento particular dos espíritos: pelo da alegria e do desejo em conjunto; e o temor é outra propensão da alma que a convence de que a coisa desejada não ocorrerá; e é de notar que, apesar de essas duas paixões serem contrárias, é possível tê-las juntas: quando se representam ao mesmo tempo diversas razões das quais umas levam a considerar que a realidade do desejo é fácil e outras, que é difícil".
Mas na casa sete não tem disso não. Temores são postos de lado, lá a gente dança em passos certeiros...
Pedi um expresso com gotas de chocolate.
Acho bonito o jeito discreto como as gotas derretem no café quente, percebi que minha preferência estava apenas nisso, em ver como as gotas somem naquele café quente. Sorrio.
Ali mesmo, fiquei fotografando tudo em volta, com o diafragma dos olhos. Numa piscadela!
Sei que aqui dentro há uma película de infinitas poses. Mas não sei o que fazer com elas... Há necessidade de congelar toda poesia das coisas postas à toa.
Pareço tatear o vento.
Volto...
De noite. Observo as bolhas se movimentando naquela luminária vermelha, que só é ligada quando a noite pede para ser bonita. Era uma noite bonita...
Vontade de morar ali dentro.
Tão lento, tão lento...
Já não é mais tempo de extremos.
É tempo de calmaria e algumas sedes.
Tempo de sedes calmas.
De cultivar os cinco planetas que regem em libra.
De equilibrar os chakras de olhos fechados.
Me faço mulher no ponteiro do relógio...
Me fazem mulher no ponteiro do relógio...
Agora, um tempo lento que não pára.
E não há querer para tempo parado.
A menos que todos os dias esqueçam o domingo.
Mas isso não se conjulga no tempo passado.
Pelo menos não agora.

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