23.8.07


A metáfora do Resta Um.
O resta-um é um jogo solitário cujo objetivo é, no final, conseguir deixar apenas uma peça sobre um tabuleiro que comportavam inicialmente várias. Há regras que permitem a qualquer peça no tabuleiro “eliminar” uma de sua “vizinha imediata” (uma peça que está numa posição adjacente horizontalmente ou verticalmente), pulando em cima desta. A posição alcançada é a posição vizinha da peça eliminada que se situa no oposto da posição de partida. Chamamos essa posição de destino de “vizinha não imediata” da posição de origem, por oposição à “vizinha imediata” de onde vai ser retirada a peça eliminada. A peça sendo retirada, o número de peças sobrando no tabuleiro diminui, e assim por diante até não poder mais jogar. É possível eliminar as peças uma por uma até sobrar uma só se jogar com táctica.

Enfim... não sei se é comum ou se somente eu uso por demais desse artifício, mas quando deito naquele divã, adoro uma bela de uma metáfora pra tentar entender o que se passa por dentro, por fora, na minha cabeça, na cabeça alheia... e até que tenho me saído muito bem com minhas possíveis conclusões metafóricas.
Acho até que nesse mundo, terapia era pra ser um negócio extremamente acessível a todas as pessoas. Acho quem em todo pré-natal deveria ter uma orientação aos pais, pra eles entenderem que a cabeça do guri que vai nascer num tem nada a ver com a cabeça deles e se tiver alguma semelhança é mera coincidência; coisa de educação dos grupos primários, a gente sempre carrega um pouquinho.
Terapia era pra ter não somente no pré-natal, mas em escolas, na igrejas e qualquer outra religião ou doutrina, no trabalho, nas grandes empresas; pra quando a gente botar o pé fora de casa saber onde tá pisando, pra se olhar no espelho e tagarelar um belo de um solilóquios que lhe renda alguma compreensão do que de fato somos.
Hoje me fiz tabuleiro ou pelo menos imaginei que há pessoas no mundo que encaram a realidade como algo lúdico e olham a gente como um grande tabuleiro.
Me fiz tabuleiro de joguinho resta um. E ainda modifiquei as regras, aqui é possível jogar de dois. Tu joga, eu jogo, tu joga, eu jogo...
Depois me fiz peça! Pula um e me tira. Me transformo noutra. Pulo um e te tiro. Se transformas noutra. Pula um e me tira... até que não haja mais estratégias nenhuma e no tabuleiro só reste apenas um.
E nessa de sumir e se fazer de novo; como quem se exauriu e depois se ergue novamente... há de ficar somente um. O “se” ou o “me”, não importa. Resta um!
Mas nessa brincadeira toda, o que eu realmente acho é que, na hora de compreender determinadas coisas é prazeroso demais utilizar uma bela de uma metáfora, principalmente no divã, já me fiz triturador, agora tabuleiro e consequentemente peça.
O fato é que: Somos reais! Palpáveis e aqui dentro tudo é sensitivo.
E é bom que àqueles que não deitam num divã ou sequer param a cabecinha dentro de casa - pra entender o dentro de si e o dentro alheio -, percebam que metáforas são sempre bem vindas, mas é preciso conceber que “gente” é como uma linha tênue para qualquer extremo.
É preciso parar de agir como se viver fosse um jogo! Talvez uma armadilha, mas não um jogo. A gente só cai se tiver de olhos fechados.

É preciso não esquecer que hora ou outra, vai ter sempre alguém cansado de brincar!

Porque “gente” por mais tênue que seja, “gente” se expande, “gente” cresce!

A gente sempre cresce...

dá o play minha "gente"

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