17.8.07


O silêncio das laranjeiras

A cada encontro que fazíamos, era como se fosse o primeiro; tudo revirava por dentro, o coração palpitava numa taquicardia quase infinita, faltava-me o ar.
Sentia uns embrulhos, como se meus pensamentos morassem no estômago e ali, vivessem numa briga quase constante.
Segurei na mão dela, temendo que percebesse o quão fria estaria a minha.
Caminhamos cabisbaixos, como se catalogássemos os nossos passos.
Um silêncio quase barulhento.
Sentamos debaixo da laranjeira onde tudo começou, onde trocamos os mais bonitos sorrisos; ali tinha uma sombra gostosa, um vento frio fazendo confundir o gelado da minha mão com o gelado de fora... me deixando um pouco mais tranqüilo.
Sentados e ainda de mãos dadas, ficamos remexendo nas folhagens secas, respirávamos o cheiro gostoso da laranjeira; de um jeito tão intenso que dava pra ter certeza que dali só havia de sair sumo doce.
E numa vergonha já um pouco destemida, nos olhamos.
Havia tanta estranheza naquele olhar, diferente do olhar que nos outros encontros serenara tanto amor. Tinham mudado.
E por desvelo, pedi que continuasse em silêncio e que não soltasse a minha mão, até que os rodopios no meu estômago e o meu coração aceitassem que aquela seria a última vez.

dá o play

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